Venezuela Ordena Retirada de Diplomatas e Suspende Voos com Países Críticos Após Eleições Controversas

Chanceler venezuelano acusa Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai de ingerência; Maduro anuncia suspensão de voos e enfrenta críticas internacionais.

O chanceler da Venezuela, Yván Gil, publicou um comunicado no qual determina que os governos de Argentina, Chile, Costa Rica, Peru, Panamá, República Dominicana e Uruguai devem retirar seus representantes diplomáticos do território de seu país.

No texto, Gil afirma que esses governos estão subordinados aos Estados Unidos e realizaram ações e declarações de ingerência em assuntos internos de Caracas.

Na mesma nota, a chancelaria venezuelana afirma que o regime do ditador Nicolás Maduro vai retirar todos os seus diplomatas das respectivas missões em que atuam nesses países.

A República Bolivariana da Venezuela expressa seu mais firme repúdio diante das ações de ingerência e declarações de um grupo de governos de direita, subordinados a Washington e comprometidos abertamente com os mais sórdidos postulados ideológicos do fascismo internacional, tratando de reeditar o fracassado e derrotado Grupo de Lima, que pretendem desconhecer os resultados eleitorais”, lê-se no comunicado. O Grupo de Lima foi formado por países que se uniram para pressionar o regime de Nicolás Maduro.

“O governo bolivariano enfrentará todas as ações que atentem contra o clima de paz e a convivência que exigiram tantos esforços do povo venezuelano, razão pela qual somos contrários a todos os pronunciamentos de ingerência e de assédio com os quais, de forma reiterada, tentam desconhecer a vontade do povo venezuelano.”

Os países citados por Gil são críticos a Maduro e questionaram os resultados oficiais divulgados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). Javier Milei, presidente da Argentina, chamou Maduro de ditador e afirmou que a oposição teve uma vitória acachapante. Já Luis Lacalle Pou, líder do Uruguai, afirmou que o processo eleitoral venezuelano é alvo de manipulação.

Parte desses governos articulou ainda uma reunião na OEA (Organização dos Estados Americanos), convocada para esta quarta-feira (31), para discutir o pleito na Venezuela, que eles descrevem como um motivo de profunda preocupação.

A articulação na OEA, liderada pelo Equador, visa a uma declaração conjunta dos governos de Paraguai, Argentina, Costa Rica, Guatemala, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai. Numa mensagem publicada nas redes sociais, esses governos afirmaram estar profundamente preocupados e exigiram a revisão completa dos resultados na Venezuela com a presença de observadores eleitorais independentes.

Mais tarde, o regime de Maduro anunciou uma suspensão de todos os voos com a República Dominicana e o Panamá a partir da próxima quarta-feira (31), citando “o uso da aviação civil para fins não compatíveis com os princípios da segurança” e “ações intervencionistas de governos de direita comprometidos com o fascismo internacional”.

Na madrugada desta segunda, o CNE —controlado pelo chavismo— anunciou que o ditador Nicolás Maduro havia vencido as eleições de domingo. A divulgação foi rapidamente contestada pela oposição e por um grupo de líderes regionais.

Horas depois, Maduro foi proclamado presidente eleito para um terceiro mandato pelo CNE. “É irreversível”, disse o líder do regime em Caracas.

O governo Lula (PT), que tem laços históricos com o chavismo, defendeu que o CNE divulgue as informações das mesas de votação. Em uma nota, o Itamaraty não parabenizou Maduro e pediu a publicação de “dados desagregados por mesa de votação”.

Ainda de acordo com o Itamaraty, tal medida representaria um “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”. No mesmo comunicado, a pasta saudou o “caráter pacífico da jornada eleitoral” e disse acompanhar com atenção o processo de apuração.

“[O governo] reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados”, diz.

Com informações da Folha de São Paulo.

Céu Albuquerque

Jornalista, Escritora, Pesquisadora e Fotógrafa.

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