O Sport foi consistente e, acima de tudo, competitivo na vitória contra o Avaí. Na estreia do técnico Pepa, o Leão demonstrou, neste sábado, na Ressacada, em Florianópolis, a essência daquilo que o treinador prometeu: ser propositivo, ofensivo.

Também imperfeito e, por vezes, pouco inspirado, é verdade. Mas objetivo e eficaz. Credenciais que sinalizam uma equipe promissora para a reta final da Série B.

A carta de apresentação do técnico português dificilmente poderia ser melhor. Ajustado na defesa, o Sport voltou a terminar uma partida sem sofrer gols na Série B após nove tentativas. A última havia acontecido contra o Guarani (0 x 1), na 14ª rodada, no dia 7 de julho.

Outro dado concreto materializado nas mãos de Pepa? O Leão não marcava mais de um gol como visitante na Série B desde a estreia, contra o Amazonas (2 x 3), em 20 de abril. Passaram-se dez jogos e, somente agora, time voltou a balançar as redes pelo menos duas vezes num jogo fora de casa.

Para construir a vitória diante do Avaí, do técnico Enderson Moreira, comandante do Sport na última temporada, o Leão foi intenso desde o início da partida: marcação alta, maior posse de bola e a iminente sensação de jogar como se estivesse em casa.

Pepa, técnico do Sport — Foto: Paulo Paiva / Sport Recife

Para dar impor o DNA dele à equipe, Pepa reconduziu o meia Lucas Lima à ponta direita – livre para flutuar pela partida. Barletta, na esquerda, também produziu de forma satisfatória e chegou ao nono gol da temporada – um recorde para o atacante de 23 anos.

E teve mais dedo do técnico português.

Comentarista do Sportv e do Premiere na partida, Danny Morais classificou como “uma ótima estreia” o início do técnico. O o ex-zagueiro observou que o Sport foi “muito maduro”. E respondeu: afinal, qual foi a estratégia de Pepa?

“Ele marcava num 4-4-2, bem definido. Numa linha média, sem dar tanto espaço nas costas dos zagueiros. E diminuindo os espaços entre as linhas no meio de campo, que para mim isso foi fundamental, especialmente pelo lado do Felipe“, analisou Danny.

– Pepa colocou Fabricio Domínguez mais ao lado do Felipe. E o Barletta e o Lucas Lima também fechando por dentro e tirando essa linha. O Titi Ortíz, na marcação, ficava ao lado do Gustavo Coutinho, fechando esse 4-4-2 que a gente falou. Acredito também que os laterais melhoraram muito – complementou o comentarista.

De fato, Felipinho e Igor Cariús passaram a dar maior estabilidade às laterais, setor que sofreu com instabilidade no Leão ao longo deste ano.

Outro ponto positivo – retomado desde a partida anterior, sob o comando do interino César Lucena, foi a intensidade que o “perde e pressiona” proporciona à equipe rubro-negra.

Mais disposto na marcação, o time ganha também em volume de jogo e isso é traduzido na criação de oportunidades de gol.

Por fim, faz-se importante destacar a participação do volante Felipe no segundo rubro-negro. Autor de uma falha grave no jogo contra o Ituano, na rodada anterior, o atleta até cometeu falhas pontuais. Porém, esteve mais concentrado no jogo e participou diretamente do segundo gol, ao roubar a bola e servir Barletta.

Apesar da partida de imposição, o Sport ainda apresenta problemas na saída de jogo – talvez aqui esteja o maior desafio de Pepa para este início de trabalho. O próprio treinador observou, após a partida, que há “coisas que temos muito a melhorar”.

Ajustes, porém, que são mais fáceis de acontecerem nas vitórias.

E agora o Leão já soma duas consecutivas, clareando o horizonte a partir de uma equipe em reconstrução, com provas de estar mais segura e de haver reencontrado a competitividade tão necessária para uma Série B.