Ícones da Zona da Mata podem conquistar selo de Indicação Geográfica até 2026

Abacaxi de Pombos e artesanato de barro de Tracunhaém são destaques em projeto da Adepe e Sebrae que investe R$ 2,9 milhões para certificar 13 produtos com forte identidade regional em Pernambuco.

 Ícones da Zona da Mata podem conquistar selo de Indicação Geográfica até 2026 Abacaxi de Pombos e artesanato de barro de Tracunhaém são destaques em projeto da Adepe e Sebrae que investe R$ 2,9 milhões para certificar 13 produtos com forte identidade regional em Pernambuco.

Foto: Amanda Claudino

Com sabor doce e tradição moldada à mão, o abacaxi de Pombos e o artesanato de barro de Tracunhaém despontam como fortes candidatos da Zona da Mata a receber o selo de Indicação Geográfica (IG) – um selo conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) que reconhece produtos ou serviços cuja qualidade, reputação ou características únicas estão diretamente ligadas à sua região de origem. A iniciativa é fruto de uma parceria estratégica entre a Agência de Desenvolvimento de Pernambuco (Adepe) e o Sebrae Pernambuco, que estão investindo R$ 2,9 milhões para fomentar, até 2026, o reconhecimento de 13 itens com potencial de IG em diferentes regiões do estado.

Conhecida como “Terra do Abacaxi”, Pombos está localizada a 57 quilômetros do Recife e é, atualmente, a maior produtora da fruta em Pernambuco. A cidade na Mata Sul tem cerca de 600 hectares dedicados ao cultivo, que é beneficiado por características naturais como relevo, clima, temperatura e umidade do ar, que contribuem para a qualidade superior do fruto, conhecido pela excelência e pela doçura. 

A produção local remonta a décadas e é conduzida, majoritariamente, pela agricultura familiar. Segundo a gestão municipal, até 2023, foram colhidas, em média, 16 milhões de unidades de abacaxi por ano. A atividade respondia por mais de cinco mil empregos diretos e indiretos, representando aproximadamente 70% da economia da cidade, dados que reforçam a relevância socioeconômica da cultura na região. 

Já na Mata Norte, a tradição da argila moldada à mão deu origem a um dos mais reconhecidos polos de cerâmica figurativa e utilitária do país. O artesanato de barro de Tracunhaém é resultado da tradição de origem indígena com influências portuguesas que atravessa gerações. A produção no município é caracterizada pela variedade de figuras sacras e cenas do cotidiano regional, tal como feiras, celebrações festivas e cenas rurais, além de pinhas e animais – entre eles, o icônico leão de juba encaracolada, marca registrada do trabalho da família do Mestre Nuca de Tracunhaém. Destaque também para os itens decorativos e os utilitários, a exemplo de panelas, vasos, tigelas e potes, que ajudam a movimentar a economia criativa da cidade.   

A obtenção do selo de Indicação Geográfica representa uma oportunidade concreta de valorização comercial, fortalecimento cultural e geração de renda nas comunidades produtoras. Entre os principais benefícios estão acesso a novos mercados, inclusive internacionais; proteção contra imitações e uso indevido do nome; e a preservação dos saberes tradicionais e do patrimônio cultural imaterial. O projeto Adepe/Sebrae tem o objetivo de estruturar e solicitar o diagnóstico das novas IGs junto ao INPI. A dinâmica tem quatro etapas – diagnóstico, estruturação, submissão dos pedidos e acompanhamento técnico dos processos – e deve ser concluída até 2026.  

Para a Adepe, essa iniciativa representa um grande avanço na valorização dos arranjos produtivos locais, além de dar visibilidade a produtos tradicionais e inovadores de Pernambuco. “É missão da Adepe fomentar o desenvolvimento dos arranjos produtivos de todo o Estado, em seus 184 municípios. O Projeto de Identificação Geográfica vem para dar destaque àqueles mais relevantes e torná-los exemplo da valorização do que é produzido em Pernambuco. O crescimento do nosso PIB dá sinais claros da importância da nossa agricultura e dos nossos arranjos produtivos e estamos muito felizes em sairmos na frente com este projeto ao lado de um parceiro tão importante como é o Sebrae Pernambuco”, detalhou o presidente da Adepe, André Teixeira Filho.

Superintendente do Sebrae/PE, Murilo Guerra destaca que a iniciativa ajuda a valorizar a riqueza dos territórios pernambucanos e a promover o desenvolvimento dos pequenos negócios. “A valorização do regionalismo tem se consolidado como uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento econômico e social e ampliar a competitividade nos mercados nacional e internacional. O reconhecimento das Indicações Geográficas protege o conhecimento tradicional ao mesmo tempo em que agrega valor aos produtos e serviços locais”, enfatiza.

PROJETO

Além do abacaxi de Pombos e do artesanato de barro de Tracunhaém, estão sendo analisados para receber o selo produtos com forte identidade regional como o mel e o queijo coalho do Araripe; a manta caprina e ovina do Sertão do São Francisco; artesanato de madeira de Sertânia; café de Triunfo e renda renascença de Poção. Também fazem parte do processo o queijo coalho do Agreste; o artesanato de barro de Caruaru e os tradicionais bolos de rolo, de noiva e Souza Leão. O Brasil conta, atualmente, com cerca de 136 IGs, sendo apenas três em Pernambuco: Vinhos do Vale do São Francisco, Uvas e Mangas de Petrolina e o Porto Digital, no Recife. 

Céu Albuquerque

Jornalista, Escritora, Pesquisadora e Fotógrafa.

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