LGBT – Entender para Respeitar?

Gi Carvalho
Quando entrei no ativismo em 2016, em meio a todas as questões que envolviam o querer ter entendimento sobre a sexualidade da minha filha, havia um desejo de compreender todas as questões que envolviam a diversidade humana, e isso estava para além de saber o porquê da sigla não ser mais GLS ou da Letra L está no início da nova sigla.
Eu precisava entender todas as populações por aquela sigla representadas, já que minha proposta de ativismo envolvia pessoas em suas mais frágeis existências e subjetividades. Isso foi fundamental para me aproximar de realidades distintas, sofridas e com uma necessidade enorme de pertencimento e reconhecimento.
A partir da experiência da procura do conhecimento, muitos armários se abrem, muitos silêncios terminam e um potencial mecanismo de acolhimento passa a ser o caminho para que famílias se permitam ao diálogo e ao tão essencial apoio para o respeito mútuo.
O conhecimento da causa passa a ser um tema comum entre a família com suas percepções e do LGBT com a sua existência. Já é possível dialogar, aprender juntos e caminhar juntos para que a sociedade não os negue ainda mais o direito à vida.
E a sigla é sim o princípio do conhecimento dessa causa. Entender a diferença entre Identidade e Sexualidade vai fazer de você alguém, além de mais informado, menos preconceituoso e mais disposto a defender os direitos humanos.
Porque você não precisa ser negro para lutar contra o Racismo, não precisa ser mulher para combater o feminicídio e tão pouco precisa ser homossexual pra combater a LGBTFOBIA. Você não precisa aceitar o LGBT mas você tem a obrigação social de defender a vida de qualquer ser humano e o LGBT é um, tem direitos, deveres e uma vida a ser preservada.
Sobre a Sigla ou sopinha de letras que norteiam nossa causa:
Lésbica: Mulheres que sentem atração romântica ou sexual por outras mulheres.
Gay: Homens que sentem atração romântica ou sexual por homens. O termo também pode ser utilizado para mulheres homossexuais.
Bissexual: Pessoas que sentem atração (afetiva ou sexual) por ambos os sexos.
Transgênero: Pessoas que não se identificam com seu sexo biológico e estão em trânsito entre gêneros. Pertencentes a um “guarda-chuva” de gêneros ainda não totalmente relacionados, inclusive.
Transsexuais: São pessoas que se identificam com um sexo diferente do seu nascimento. Por exemplo: uma pessoa que nasceu homem, mas se identifica como mulher, é uma mulher transgênero.
Transgênero é uma expressão “guarda-chuva”, pois é usada para designar vários casos de pessoas que assumem um gênero não correspondente ao sexo biológico. Dentro do “guarda-chuva” transgênero, encontram-se as definições:
Transexuais: “Uma das possibilidades dentro da transgeneralidade”, quando o indivíduo não se identifica com o sexo biológico: a pessoa nasceu com a “cabeça de mulher em um corpo masculino” (ou vice-versa). “Quando alguém não se reconhece como sendo do gênero que coincide com o sexo biológico, o cidadão tem a oportunidade de trocar de nome e gênero, utilizar hormônios e até realizar uma cirurgia para adequação do gênero se for de sua vontade. E não é necessariamente obrigado a fazer cirurgias para transicionar entre gêneros (transgenitalização) e mesmo assim deve ser respeitado de acordo com o seu gênero autodeclarado.
Travestis: são travestis as pessoas que vivenciam papeis de gênero feminino, mas não se reconhecem como homens ou como mulheres, mas como membros de um terceiro gênero ou de um “não gênero”. Segundo cartilha do MPF, é importante ressaltar que travestis, independentemente de como se reconhecem, preferem ser tratadas no feminino, considerando insultuoso serem adjetivadas no masculino.
O transgênero, portanto, não é definido pela orientação sexual, e sim por sua identificação com um determinado gênero.
Dessa forma, o transgênero pode ter qualquer uma das orientações sexuais citadas anteriormente:
O transgênero heterossexual sente-se atraído por uma pessoa de gênero diferente ao que ele se identifica (por exemplo: uma mulher transgênero, que nasceu com sexo biológico masculino, mas se identifica com a identidade feminina, sente atração por homens).
O transgênero bissexual sente-se atraído por ambos os gêneros (por exemplo: uma mulher transgênero sente atração por homens e mulheres).
O transgênero homossexual sente-se atraído por uma pessoa com o mesmo gênero que ele se identifica (por exemplo: uma mulher transgênero sente atração por mulheres).
O transgênero assexual não sente atração por outras pessoas.
É preciso perceber a linha tênue que acaba por fragilizar nosso conhecimento. A informação que diferencia os discursos sobre Sexo (ato sexual) e Sexualidade (orientação sexual) e nos deixam cada vez mais distantes do respeito a dignidade humana.
Quero viver para ver as pessoas se interessarem mais pelo conhecimento do que pelo preconceito.
O “não querer saber” nos deixa num estado de desconhecimento que acaba por violar direitos e violentar pessoas. O pior disso tudo é que não percebemos nossa culpa quando nos omitimos, tanto por não reconhecer como somos preconceituosos quanto por não querer saber.
E toda omissão é carregada de muita culpa.
Por: @gicmachado Coordenadora Estadual do Coletivo Nacional Mães Pela Diversidade
Fonte: http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/conferencias/LGBT/texto_base_1_lgbt.pdf