A importância da representatividade e a nova cara da moda.

No auge da tentativa de sair da quarentena e tornar o mundo diferente do que estávamos acostumados, todos os setores sofrem mudanças bruscas, hoje, o velho não comporta mais. As pessoas estão mais incomodadas, mais alertas e diria até com uma luneta na mão.
No mundo portátil onde todos têm uma câmera e em segundos podem delatar um crime ou difamar uma pessoa, ou mesmo tornar uma pessoa comum em um digital influencer apenas com um clique, a representatividade passou a ser a bola da vez. O que antes era o diferente, começou a ser mostrado com orgulho e beleza.
Não se ofuscando do movimento circular mundial, a moda ditando suas tendências traz além do reforço às modelos plus-size, mais modelos negras, portadoras de deficiência e qualquer outra que tenha algo a inspirar mulheres no mundo todo por suas ideias e conquistas, não apenas aquelas que seguem o padrão da beleza imposto pelos concursos de miss, há anos.
A Vogue Americana lançou a revista de agosto com a ginasta Simone Biles na capa, causando frisson no mundo da moda pelas suas palavras “Não importa o quão boa você é no seu esporte, na vida, no trabalho, a primeira coisa que as pessoas falam é sobre sua aparência” esportista e negra, a reportagem da capa fala sobre os desafios enfrentados pelas mulheres e especialmente pelas mulheres negras, junto dela vem a frase “People empowered” (o empoderamento das pessoas) coisa que temos visto muito ultimamente nesses dias de isolamento social). A reportagem linda traz à tona sentimentos há muito guardados, que agora tem voz e podem ressoar no mundo inteiro. O portal da internet aumentou a visibilidade e a necessidade de representatividade em todos os setores de comercio. Não se vê mais tantos comerciais de margarina com a família toda feliz em volta da mesa onde todos eram magros e esbeltos e a única pessoa negra na foto, se havia, era a empregada. Esses são velhos tempos.
No embalo do assunto, a diretora-criativa e cabelereira LaChanda Gatson e uma equipe de fotografia se uniram para recriar os contos de fada da Disney com um olhar de inclusão, onde colocaram as princesas como base, e como modelos utilizaram jovens meninas negras da vida real, que não eram sequer modelos. Todas elas receberam novos nomes de pedras preciosas para adequar aos nomes originais como por exemplo Jasmine de Aladdin foi trocada por Turquesa, Elsa de Frosen virou a pedra da lua e assim por diante. O ensaio além de lindo, trouxe um outro olhar às meninas que não se sentiam representadas pelas famosas princesas brancas, loiras, magras, altas e no padrão de beleza imposto pela sociedade.
As modelos com síndrome de Down que já estavam na mira, além das meninas/mulheres plus-size, ganharam mais espaço nos editoriais da Vogue Brasil e outras pelo mundo. O mundo muda, a moda muda com ele. As pessoas querem se sentir representadas, não simplesmente ver pessoas “bonitas” na capa de uma revista de moda, querem saber que podem ser aquela pessoa, e que aquela que está na capa é tão real quanto ela. Esperamos pelo dia em que haverá representatividade em todos os movimentos globais como política, religião, moda, para todos os povos e credos por uma sociedade pluralista e sem preconceitos , mas temos certeza que chegaremos lá.
Fontes: Vogue America, Vogue Brasil.