VARÍOLA DO MACACO: nova descoberta sobre doença alerta para cuidados com os olhos

 VARÍOLA DO MACACO: nova descoberta sobre doença alerta para cuidados com os olhos

Varíola dos macacos também pode provocar problemas nos olhos – FOTO: ILUSTRATIVA/REPRODUÇÃO DE VÍDEO/AFP

Com informações do Estadão Conteúdo

Uma nova descoberta relacionada à varíola dos macacos chama a atenção para os cuidados com os olhos na prevenção à doença.

Na semana passada, o H.Olhos, que é referência em oftalmologia em São Paulo, identificou o primeiro caso de paciente com confirmação para a doença a partir de exame de coleta ocular.

SINTOMAS DA VARÍOLA DOS MACACOS
Os sintomas já conhecidos da varíola dos macacos são febre, fadiga, dor de cabeça, dores musculares e aparecimento de lesões cutâneas. No entanto, manifestações oculares também podem estar atreladas à doença.

O paciente, um profissional de saúde de 30 anos, começou a apresentar irritação ocular e lacrimejamento, quadro parecido com conjuntivite, quatro dias depois do surgimento de lesões na pele, dores musculares e dor de cabeça.

O paciente fez o teste RT-PCR, exame que tem como base a coleta de material genético presente nas lesões características da varíola dos macacos. Enquanto ainda aguardava o resultado, procurou atendimento oftalmológico.

“Os sintomas como mialgia e cefaleia duraram apenas um dia. As lesões na pele permaneceram e foram mudando o aspecto com o passar dos dias. Quatro dias após os sintomas, comecei a apresentar irritação ocular associada a lacrimejamento. Procurei atendimento oftalmológico para uma avaliação mais detalhada, por saber que há casos de pacientes têm conjuntivite no diagnóstico de varíola dos macacos”, afirmou o profissional, que preferiu não ser identificado.

Ao ser examinado, o paciente foi encaminhado para coleta de material microbiológico dos olhos. Pouco depois, a confirmação do diagnóstico oftalmológico foi feita, assim como saiu o resultado positivo do RT-PCR.

PERÍODO DE ISOLAMENTO DA VARÍOLA DOS MACACOS
Após a confirmação, o paciente atendido no H.Olhos precisou manter isolamento. O chefe do Pronto-Socorro do H.Olhos, Pedro Antônio Nogueira Filho, informou que foram comparadas as amostras coletadas em laboratórios diferentes. Em ambas, foi identificada uma concentração de carga viral elevada para a monkeypox.

“Conseguimos correlacionar que os pacientes que têm lesões com positividade para exames cutâneos podem apresentar positividade para exames oftalmológicos, e daí, o exame do olho passa a ser também um exame de diagnóstico para a doença”, explicou.

O médico alerta que pode haver até duas semanas de período de incubação e até três semanas de transmissibilidade.

“Se o paciente está lacrimejando, a partir do momento em que há contato com outra pessoa, esse vírus pode se manifestar a partir dessa contaminação inicial. É possível não somente para lesão ocular, assim como para qualquer outra lesão da superfície dos olhos”, orienta o médico.

“Além de isolamento em casa por 21 dias, com tratamento apenas sintomático, também precisei realizar cuidados com os olhos”, disse o paciente. Ele passou por acompanhamento em ambulatório de oftalmologia e utilizou compressa local, colírio antibiótico e lubrificante ocular.

RECOMENDAÇÃO PARA OFTALMOLOGISTAS

O especialista Nogueira Filho recomenda que os oftalmologistas incorporem a varíola dos macacos como parte do diagnóstico diferencial quando chegarem aos consultórios casos semelhantes que apresentam manifestações oftalmológicas como conjuntivite, blefarite, ceratite ou lesões na córnea, por exemplo.

“Existem várias manifestações oculares que podem estar atreladas à varíola dos macacos. Em muitas ocasiões, as manifestações oculares são até mesmo mais frequentes que outras manifestações”.

“Essas manifestações em si podem variar de quadros atrelados a dor de cabeça na região frontal, vermelhidão da região das pálpebras, quadros inflamatórios palpebrais, a própria conjuntivite, seguida de ulcerações nas córneas e dificuldade para olhar para a luz, entre outras lesões da córnea, além de baixa visual. Uma gama de situações que podem estar presentes dentro da condição da monkeypox”, afirma.

Especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Associação Médica Brasileira (AMB), Kemi Salami aponta que as alterações oftalmológicas são menos comuns que as dermatológicas características da doença.

“Além da conjuntivite, outras alterações podem aparecer, como formação de vesículas na região periocular, aumento dos gânglios linfáticos perioculares, blefarite, ceratite e úlcera de córnea”, afirma.

VARÍOLA DOS MACACOS NO MUNDO
Em todo o mundo, já foram notificados, pelo menos, 49.961 casos confirmados e suspeitos da doença.

O Brasil é o terceiro país com mais registros de varíola dos macacos, com mais de 4 mil, atrás apenas dos Estados Unidos (17.995) e Espanha (6.459), de acordo com atualizações da Organização da Saúde (OMS) contabilizadas até a tarde de terça-feira (30).

Desde 23 de julho, a varíola do macaco é reconhecida como uma emergência de saúde global.

Veja dicas que podem prevenir varíola dos macacos e ajudar a evitar a contaminação dos olhos:

Lavar as mãos com frequência;
Evitar tocar os olhos, nariz, ouvidos com as mãos;
Não compartilhar colírios;
Não usar colírios por conta própria;
Não compartilhar objetos de uso pessoal como toalhas de rosto, talheres, lençóis e fronhas de travesseiro;
Uso de máscaras de proteção.

 

mmscriacoes

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