Lula Eleva a Voz na Cúpula do G20: “Países Ricos Devem Agir Agora Contra as Mudanças Climáticas”

Cúpula do G20, na Índia. No fim do evento, Brasil receberá a Presidência do grupo pela primeira vez na história. Foto: Ricardo Stuckert / PR
Na grandiosa plataforma internacional da 18ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo do G20, realizada em Nova Delhi, o ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, emergiu como uma voz proeminente, ressoando sua preocupação e apelando por ações concretas no combate às mudanças climáticas. Nesse evento de relevância global, Lula destacou o impacto avassalador das mudanças climáticas por meio de um exemplo dramático e recente: a tragédia causada por um ciclone no Rio Grande do Sul, onde milhares de pessoas ficaram desabrigadas e dezenas perderam suas vidas.
O discurso de Lula foi uma chamada urgente para que os países mais desenvolvidos assumam a liderança no enfrentamento dessa emergência climática sem precedentes. Ele enfatizou como o aquecimento global está reconfigurando os padrões de chuvas, elevando os níveis do mar e intensificando eventos climáticos extremos, como secas, enchentes, tempestades e incêndios florestais, minando, assim, a segurança alimentar e energética das populações mais vulneráveis.
Com contundência, o ex-presidente alertou que, se medidas urgentes não forem tomadas, os impactos das mudanças climáticas se tornarão irreversíveis. Ele ressaltou que esses efeitos não são distribuídos igualmente, afetando de maneira desproporcional os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes. Lula também sublinhou a responsabilidade histórica dos países que mais contribuíram para o aquecimento global em arcar com os custos da mitigação e adaptação.
Além do apelo por ações imediatas, o ex-presidente brasileiro reviveu um acordo feito em 2009, durante a COP 15, em Copenhagen, na Dinamarca, onde foi prometida a criação de um fundo de US$ 100 milhões para financiar ações de combate às mudanças climáticas. Esse compromisso, até hoje, permanece no papel, e Lula instou os países ricos a honrá-lo.
Na mesma linha de ação, Lula anunciou uma iniciativa ambiciosa durante a Presidência do G20, que o Brasil assumirá em dezembro deste ano. O país pretende lançar uma Força-Tarefa de Mobilização Global contra a Mudança do Clima. O objetivo é chegar à COP 30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada, abrangendo áreas cruciais como mitigação, adaptação, perdas e danos, e financiamento, com foco na sustentabilidade do planeta e na preservação da dignidade humana. Ele expressou seu desejo de ver um engajamento global nessa empreitada.
Enquanto Lula lidera o chamado à ação na Cúpula do G20, o presidente em exercício do Brasil, Geraldo Alckmin, anunciou uma visita ao Rio Grande do Sul, uma região devastada por fortes chuvas. A comitiva, que inclui diversos ministros e secretários, busca fortalecer as ações já em andamento pelo Governo Federal. Em resposta à situação crítica, foi criado um comitê permanente de apoio ao estado, coordenando esforços que incluem o fornecimento de maquinário, distribuição de 20 mil cestas de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas, além do apoio financeiro às prefeituras para reparar os danos causados pelas enchentes.
O G20, composto por 19 países e a União Europeia, é um grupo que representa cerca de 80% do PIB mundial, 75% do comércio internacional, dois terços da população global e 60% do território do planeta. No encerramento da cúpula em Nova Delhi, o Brasil receberá a incumbência de presidir o G20 em seu próximo mandato, que se inicia em dezembro deste ano e se estende até novembro de 2024. Durante esse período, o Brasil deverá organizar mais de 100 reuniões oficiais, incluindo aproximadamente 20 reuniões ministeriais e 50 reuniões de alto nível, além de eventos paralelos, como seminários e discussões sobre temas globais cruciais.