Câncer do vocalista da Torpedo é o quinto mais comum em homens
Segundo dados do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), entre 2013 e 2015, 297 pernambucanos foram diagnosticados com câncer de fígado
Assim como Deivison Kellrs, vocalista da Banda Torpedo, que há um ano enfrenta um duro tratamento contra o câncer de fígado, outras centenas de pernambucanos encaram uma batalha semelhante. Segundo dados do Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP), entre 2013 e 2015, período do levantamento mais recente, 297 pacientes foram diagnosticados com tumores hepáticos primários — como são classificados os cânceres que se originam no próprio fígado — no estado. As chamadas lesões cancerígenas primárias diferem das secundárias, causadas por metástases de tumores de outros órgãos que só depois atingem o fígado.
De acordo o chefe de Oncologia do Hospital das Clínicas (HC), Luiz Alberto Mattos, o câncer de fígado é o quinto mais comum entre homens e, entre as mulheres, ocupa o sétimo lugar no ranking. As principais causas deste tipo de tumor são a cirrose hepática e a infecção pelos vírus C ou B da hepatite. O fator genético também pode contribuir para o surgimento da doença, mas, segundo Mattos, a maioria dos casos é decorrente de fatores externos.
O caso de Deivison, explica o médico, é raro, já que o cantor tem 30 anos e a doença raramente surge antes dos 40. A idade mais comum entre os pacientes acometidos pelo tumor se situa por volta dos 70 anos. Deivison foi diagnosticado em julho de 2017, aos 29 anos.
Todos com Deivison Kellrs
Para ajudar no tratamento de Deivison, cujo custo chega a R$ 12 mil por mês somente com medicamentos, cerca de 20 artistas da cena brega e brega-funk pernambucana vão se reunir em um show beneficente, marcado para este sábado (4) no N.B. Society, casa de shows localizada na Bomba do Hemetério, Zona Norte do Recife. Alguns dos nomes de destaque são Michelle Melo, MC Elvis, Swing do Amor, Dadá Boladão, MC Japão e Danilo Bolado.
Os artistas não vão cobrar cachê para a participação no evento, batizado como Todos com Deivison Kellrs. Toda a renda da bilheteria e do lucro do bar será revertida para o tratamento do cantor. As entradas para pista serão gratuitas, enquanto o acesso ao frontstage e ao camarote custam R$ 20 e R$ 40, respectivamente. Por causa da grande quantidade de artistas, alguns vão fazer shows completos e, outros, participações especiais. Os detalhes do lineup não foram divulgados.
Segundo Silvano Melo, empresário da Torpedo, Deivison prometeu ir ao evento para agradecer pelo gesto e prestigiar os amigos. O cantor também pretende de subir no palco e dar uma palinha junto com a banda. “Ele disse que vai de todo jeito”, contou Silvano. Durante esta semana, o cantor está repousando o máximo possível para garantir a ida ao evento.
Em publicações no Instagram, o cantor agradece quase todos os dias o apoio dos fãs e dos amigos. Nos textos, ele diz para os fãs ficarem calmos, sustenta que os ama e que não vai desistir. “Vou cantar o hino da vitória”, disse ele na legenda de umas das fotos do seu perfil. Confira algumas das publicações em que Deivison faz agradecimentos:
Transplante de fígado
Os médicos continuam estudando a possibilidade de Deivison ser submetido a um transplante de fígado. De acordo com Silvano Melo, empresário da Banda Torpedo, ele precisaria bem fisicamente para receber o órgão. O que mais o incomoda atualmente são inchaços nas pernas, além de dores no corpo. A quimioterapia dele também foi suspensa temporariamente, mas a expectativa é de que o tratamento seja retomado em breve.
Caso a necessidade de transplante se confirme, Deivison não poderia estar em melhores mãos. É que o estado de Pernambuco é uma das referências nacionais em números de procedimentos realizados. De acordo com Cláudio Lacerda, chefe da Unidade de Transplante de Fígado (UTF) e diretor da Faculdade de Medicina da Uninassau, cerca de 1,3 mil procedimentos do tipo foram realizados em hospitais do estado entre 1999 e 2018.
Cerca de 130 transplantes são realizados por ano em Pernambuco. Outros estados que se destacam na realização do procedimento médico são São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará. De acordo com Lacerda, não há como definir em que casos as pessoas estão aptas a recebê-lo, já que essa indicação depende das especificidades de cada paciente.
Segundo Luiz Alberto Mattos, chefe de Oncologia do Hospital das Clínicas (HC), como se trata de uma cirurgia de grande porte, a recuperação de um transplante é delicada e requer o cuidado de médicos com alta experiência. “O transplante é indicado para pacientes com tumores primários únicos abaixo de 5cm ou com até 3 lesões abaixo de 3cm”, explica Mattos. Os detalhes sobre o caso de Deivison não foram divulgados.
Quem pode doar
Os principais doadores são pessoas que sofreram morte cerebral e tiveram a retirada do órgão autorizada pela família. Uma outra possibilidade, muito rara, segundo Cláudio Lacerda, é o transplante intervivos, no qual o doador precisa ter o fígado em condições saudáveis para a retirada de uma parte do órgão, que se regenera e assume suas funções normais tanto em quem doou quanto no receptor.
Outras alternativas
O transplante de fígado é a alternativa terapêutica que traz mais chances de cura, segundo o chefe de Oncologia do Hospital das Clínicas. Mas também há outras opções que podem retardar a progressão da doença e aumentar a sobrevida, como terapias locais. “Existe a radiofrequência, um tipo de cauterização do tumor, ou a quimioembolização, infundida direto no próprio órgão”, explica.
Entre os tratamentos realizados por via oral ou endovenosa (diretamente na corrente sanguínea) estão incluídos quimioterapia com drogas capazes de combater as células tumorais ou a imonoterapia, que promove estimulação do sistema de defesa do organismo, estimulando-a a eliminar a doença. Já nos casos de haver infecção pelo vírus B ou C da hepatite, é preciso tratar previamente as infecções.
Serviço – Todos com Deivison Kellrs
Todos com Deivison Kellrs
Quando: Dia 4 de agosto
Onde: N.B. Society Club, na Bomba do Hemetério
Pista: Gratuita
Frontstage: R$ 20
Camarote: R$ 40
Edição: Robson Ouro Preto