Adolescente com leucemia celebra compatibilidade com irmã para transplante de medula: “Chance de cura e recomeço” Otávio Luiz, de 14 anos, é natural de Carnaíba (PE) e será transplantado nesta sexta (13), com medula óssea 100% compatível da irmã mais nova; ele é acompanhado pelo GAC-PE e trata-se no Hospital Universitário Oswaldo Cruz.
Otávio Luiz, de 14 anos, é natural de Carnaíba (PE) e será transplantado nesta sexta (13), com medula óssea 100% compatível da irmã mais nova; ele é acompanhado pelo GAC-PE e trata-se no Hospital Universitário Oswaldo Cruz.

Foto: Divulgação/GAC-PE
Natural de Carnaíba, no Sertão pernambucano, Otávio Luiz, de apenas 14 anos, teve sua vida transformada após descobrir que tem um câncer. Diagnosticado com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), o adolescente realiza o tratamento no Centro de OncoHematologia Pediátrica (CEONHPE) do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) e recebe assistência do Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer – Pernambuco (GAC-PE). Após seis meses em tratamento com medicamentos e quimioterápicos, Otávio irá realizar o transplante de medula óssea, tendo a sua irmã de 12 anos como doadora compatível. O transplante acontecerá nesta sexta (13), no Hospital Português, e nesta quinta (12), a partir das 8h, Otávio será acolhido por voluntários do GAC-PE antes de se internar.
O número de coleta de células de medula óssea pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem registrado crescimento nos últimos anos. Em 2022, foram 382 produtos celulares disponibilizados para transplantes, subindo para 398 em 2023 e, até novembro de 2024, houve um aumento de 8%, alcançando 431 células-tronco de medula óssea para doação. Os dados são do Ministério da Saúde.
“Tudo começou quando comecei a sentir dores nas pernas, febre persistente e precisei do auxílio de uma cadeira de rodas para me locomover. Cheguei a perder 4kg em apenas um mês”, conta Otávio. Até que os médicos chegassem finalmente a uma suspeita de que se tratava de uma leucemia, foram várias visitas ao posto de saúde do município. Foi no Hospital Universitário Oswaldo Cruz que a família recebeu que a anemia se tratava, na verdade, de uma Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA).
Segundo a médica oncologista pediatra e presidente do GAC-PE, Vera Morais, os sintomas da Leucemia podem ser confundidos com outras doenças comuns na infância, como a virose. “Os sintomas mais comuns são febre, anemia, fraqueza, sangramento orais e nasais, manchas roxas na pele, infecções, aumento dos gânglios, baço e do fígado”, explica. “Toda vez que uma criança apresentar esses sintomas, somado a alterações no exame de sangue, podemos pensar em Leucemia”, alerta.
“Otávio teve uma resposta parcial ao tratamento que foi realizado e por isso será submetido ao transplante de medula. Por isso estamos torcendo para que dê tudo certo e que ele, enfim, se cure”, completa a oncologista Terezinha Marques Salles.
Foi então que a equipe médica indicou que ele deveria fazer o transplante de medula óssea. “Durante o tratamento ele sofreu muito. Não conseguia tomar banho sozinho, teve muitas reações durante o processo. Nos dias de fazer a quimioterapia ficava muita apreensiva com tudo o que estava acontecendo”, relata Ana Paula, mãe de Otávio.
O transplante de medula se tornou a esperança de Otávio de recomeçar e realizar seus sonhos. “A primeira pergunta que o médico fez foi se eu tinha algum irmão de sangue. E eu tenho uma irmã mais nova, que será minha salvação, porque a médica disse que ela é 100% compatível. Essa notícia me emocionou e fez eu ter muita esperança com chances reais de cura e recomeço”, comemora Otávio Luiz.
Sobre o transplante de medula – De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), a medula óssea é um tecido líquido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por ‘tutano’. Nela são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. As hemácias transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos defendem o corpo humano das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
Ainda de acordo com o Instituto, para que se realize um transplante de medula é necessário que haja uma total compatibilidade entre doador e receptor. Caso contrário, a medula será rejeitada. Esta compatibilidade é determinada por um conjunto de genes localizados no cromossomo 6, que devem ser iguais entre doador e receptor.
A análise de compatibilidade é realizada por meio de testes laboratoriais específicos, a partir de amostras de sangue do doador e receptor, chamados de exames de histocompatibilidade. Com base nas leis de genética, as chances de encontrar um doador ideal entre irmãos (mesmo pai e mesma mãe) é de 25%, conforme explica o Instituto Nacional de Câncer.
Sobre o GAC-PE – Uma Organização da Sociedade Civil que há 28 anos presta serviço de qualidade durante o tratamento do câncer infantojuvenil em Pernambuco. Em 2024, foram mais de 4 mil atendimentos realizados às crianças e familiares.