No coração da Zona da Mata Norte de Pernambuco, a tradição centenária do Cavalo-Marinho, eleita como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Iphan, ganha uma nova dimensão com o lançamento do livro digital “Essa loa eu vou guardar“. Sob a autoria da renomada produtora cultural e educadora Lorieli Queiroz, a obra surge como um tributo à cultura popular, visando documentar, registrar, preservar e difundir essa manifestação única que mescla as tradições afro-indígenas.

A brincadeira, realizada ao ar livre em chão de terra batida, é conduzida pelo teatro de cultura popular, reunindo uma média de 76 personagens, entre animais, humanos e seres do imaginário. O destaque, entretanto, reside nas músicas e versos entoados por um conjunto de músicos que, ao som da rabeca, pandeiro, reco-recos e ganzá, encantam a plateia.

“É inspirado nessa atmosfera artística que nasce o livro ‘Essa loa eu vou guardar’. Uma obra inédita que se propõe a contar e recontar a importância poética intrínseca à brincadeira do Cavalo-Marinho. Acreditamos ser o maior instrumento cultural e pedagógico dedicado ao registro, documentação, preservação e difusão da memória dessa tradição oral em nossa região“, compartilha Lorieli, cuja ligação com a cultura do Cavalo-Marinho remonta à sua infância.

O livro não apenas apresenta uma narrativa envolvente, mas também incorpora depoimentos marcantes de personagens essenciais para a cultura do Cavalo-Marinho. Pedro Salustiano, brincante e produtor cultural, e Vitor Gomes, jovem de 17 anos com uma visão singular da tradição, são alguns dos colaboradores que enriquecem a pesquisa. Mestres como Luiz Caboclo, Grimário e Lourenço Batista, herdeiro do Cavalo Marinho do Mestre Batista, também deixam sua marca na obra.

A pesquisa, iniciada em janeiro de 2024, continuará até o ciclo do Carnaval, prometendo uma abordagem abrangente. O lançamento do livro, previsto para março deste ano, será exclusivamente online, com QR code, proporcionando fácil acesso a estudantes, professores, escolas, universidades e pesquisadores. Além disso, a equipe do projeto, liderada por Lorieli Queiroz, planeja uma versão audiovisual para ampliar ainda mais o alcance dessa expressão cultural única, celebrando e preservando o legado do Cavalo-Marinho.