Comissão da Câmara Aprova Projeto de Lei que Penaliza Remoção de Camisinha Sem Consentimento da Parceira

 Comissão da Câmara Aprova Projeto de Lei que Penaliza Remoção de Camisinha Sem Consentimento da Parceira

Câmara dos Deputados – Foto: Zeca Ribeiro

Na terça-feira (26), a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados deu sinal verde para um projeto de lei que tem potencial para mudar a abordagem legal sobre uma prática perturbadora: o “stealthing”. Trata-se da remoção proposital do preservativo sem o consentimento do parceiro, um ato que pode agora resultar em pena de prisão e multa, caso a medida seja aprovada pelo Plenário da Câmara.

O projeto, conhecido como PL 965/22, é uma resposta ao crescente reconhecimento da gravidade dessa ação e busca estabelecer medidas para coibi-la. Originalmente, a proposta previa uma pena de reclusão de um a quatro anos. No entanto, o deputado Felipe Francischini (União-PR), relator da matéria, reduziu essa pena. Conforme o texto aprovado pela CCJ, a remoção do preservativo sem o conhecimento ou consentimento da outra pessoa durante ou antes do ato sexual acarretaria uma pena de reclusão de seis meses a dois anos, além de multa, desde que o ato não configure um crime mais grave.

O relator justificou sua decisão argumentando que a pena originalmente proposta poderia ser considerada desproporcional e entrar em conflito com crimes de maior gravidade. No entanto, ele destacou que o “stealthing” é uma violação séria dos direitos fundamentais das pessoas, podendo resultar na transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Em muitos casos, a vítima, sem saber da remoção do preservativo, fica impedida de buscar assistência médica imediata para reduzir os riscos.

Além de mencionar a importância da medida, Francischini citou uma pesquisa conduzida em março de 2018 pelo professor Pedro Pulzatto Peruzzo, pesquisador da Faculdade de Direito da PUC-Campinas, que investigou o fenômeno do “stealthing” no Brasil. Os resultados indicaram que 21% das mulheres entrevistadas reconheciam a natureza ilícita desse comportamento, com 13,6% afirmando conhecer o termo “stealthing”. Alarmantemente, 9% das entrevistadas revelaram terem sido vítimas dessa prática.

Diante desses dados e da necessidade de proteger os direitos das pessoas em relacionamentos íntimos, a aprovação na CCJ representa um passo importante na luta contra o “stealthing”. O projeto agora aguarda votação no Plenário da Câmara, onde sua aprovação poderá ter impactos significativos na prevenção desse comportamento nocivo.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Céu Albuquerque

Jornalista, Escritora, Pesquisadora e Fotógrafa.

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