Consórcios empresariais são uma opção estratégica em tempos de crédito restrito

 Consórcios empresariais são uma opção estratégica em tempos de crédito restrito
  • Por Pedro Persichetti, sócio fundador, VP e CSO da Sail Capital 

A busca das empresas por recursos financeiros é recorrente e temos acompanhado o crescimento de modalidades de captação que antes mal eram consideradas pelos gestores, como os consórcios empresariais – compra planejada de ativos, como imóveis, maquinário ou mesmo serviços, por taxas inferiores às dos financiamentos tradicionais.

Consórcios empresariais não são uma nova forma de captação, mas entraram no radar corporativo principalmente pela obtenção de capital a taxas competitivas, menor grau de exposição ao juro básico e mais previsibilidade do fluxo de caixa. Trata-se de uma modalidade em expansão, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC). Em 2024, o segmento cresceu 7,8% e atingiu R$354 bilhões em volume de créditos comercializados.

No mercado, há financiamento para todos os tipos de necessidades. Para quem tem pressa, as linhas convencionais de crédito oferecem liquidez imediata, reforçando que o custo (juro) é considerável. Mas empresas que desejam uma forma de investir sem comprometer a liquidez têm no consórcio empresarial uma opção estratégica.

Planejando a aquisição de um bem por meio de consórcio, por exemplo, o participante pode financiar a operação em longo prazo a um custo de 0,3% a 0,5% ao mês. Para efeito de comparação, trata-se de um valor bem abaixo da taxa Selic mensal de 1,06%, considerando que ela está em 14,75% ao ano, e da inflação de março medida pelo IPCA (0,56%).

Pela diversificação atual dos consórcios, é possível desenhar soluções mais sofisticadas, como uma captação de recurso liquido utilizando imóveis e terrenos como garantia. Bem estruturada, essa operação permite ao empresário captar um fluxo de caixa com custos a partir de 0,4% ao mês.

Os benefícios de um consórcio são evidentes e estão sendo compreendidos cada vez mais pelo mercado em função do aprimoramento do modelo. As administradoras oferecem estratégias eficientes de antecipação, como lances embutidos e fixos, que reduzem a espera pela contemplação.

Além disso, a ideia de que o consórcio é pouco vantajoso porque não gera liquidez imediata também está sendo mudada. Ao evitar juros elevados decorrentes de financiamentos tradicionais, o retorno financeiro é superior em longo prazo e não compromete excessivamente o fluxo de caixa. Caso a empresa deseje adquirir logo o bem, é possível acelerar o prazo por meio de lances para acessar a carta de crédito.

E a percepção de que o recurso fica parado até a contemplação não é verdadeira. Ao compor o consórcio, ele é usado para reforçar a posição financeira do grupo participante e garantir que as aquisições planejadas não sofram com a volatilidade de um cenário macroeconômico adverso.

Empresas que consideram o consórcio no planejamento financeiro entendem que a previsibilidade do modelo permite aquisições sustentáveis. Não é por acaso que grandes empresas têm escolhido a modalidade para aquisição de ativos de alto valor, o que ajuda a desmistificar o uso do consórcio apenas por pequenos empreendimentos.

Independentemente do tamanho da empresa, é possível criar soluções personalizadas e rentáveis com a ajuda de assessorias especializadas. Quando bem estruturado, o consórcio empresarial se torna uma alternativa financeira viável e sustentável que facilita o acesso ao crédito pelas empresas e contribui para o desenvolvimento econômico.

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