Curso pioneiro de forró com acessibilidade forma pessoas com deficiência visual no Recife Projeto uniu cultura, inclusão e educação em aulas com audiodescrição; metodologia poderá ser replicada em todo o país.
Projeto uniu cultura, inclusão e educação em aulas com audiodescrição; metodologia poderá ser replicada em todo o país.

Foto: Jenifer Souza
A culminância do primeiro curso gratuito de forró voltado exclusivamente para pessoas com deficiência visual no Brasil aconteceu nesse sábado (21/6), no Recife. A festividade, que reuniu inclusão, cultura e educação, foi realizada na Escola de Dança Corpo e Expressão, localizada na Rua Ferreira Lopes, nº 476, no bairro de Casa Amarela, Zona Norte da cidade, a partir das 14h.
A iniciativa fez parte do projeto “Baião de 3 – Pesquisa em Audiodescrição, Forró e Dança”, realizado pela produtora Eu e Tu Cultural, que desenvolveu metodologias acessíveis para o ensino da dança, unindo cultura, inclusão e autonomia.
O encerramento ocorreu no mês em que o Nordeste celebra o ciclo das festas juninas, reconhecidas como uma das manifestações culturais mais importantes da região e do país. A proposta uniu tradição popular e inovação social, criando caminhos para que pessoas cegas e com baixa visão pudessem não apenas aprender a dançar, mas também participar de forma ativa dos festejos e das atividades culturais.
O projeto promoveu oito encontros presenciais. Ao longo do curso, iniciado em maio deste ano, os participantes aprenderam os principais passos do forró de salão com o apoio da audiodescrição — recurso que traduziu movimentos, gestos e expressões em palavras, tornando a experiência acessível.
A condução das aulas ficou a cargo do professor Marcus Accioly, artista com baixa visão e experiência em danças de salão, e da pesquisadora Marília Santiago, idealizadora do projeto, audiodescritora e especializada em educação inclusiva. O trabalho desenvolvido também teve caráter de pesquisa acadêmica, com a expectativa de gerar um artigo científico sobre os resultados e a eficácia da metodologia aplicada.
“O forró é mais do que dança. É um patrimônio imaterial, um espaço de socialização, pertencimento e memória. Com este projeto, estamos quebrando barreiras e mostrando que a cultura deve ser acessível a todos”, afirmou Marília Santiago.
Durante o evento de encerramento, além das apresentações dos participantes, foi realizada uma entrega simbólica dos certificados. Os documentos foram enviados, posteriormente, em formato digital para cada um dos alunos, simbolizando não apenas o término do curso, mas a conquista de um espaço legítimo no ambiente cultural e nas práticas de inclusão social.
A trilha sonora do curso percorreu a obra de nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinês e outros expoentes do forró. O modelo desenvolvido poderá ser replicado em instituições culturais e educacionais em todo o país, fortalecendo práticas inclusivas nas artes e na educação.
A iniciativa contou com incentivo da Secretaria de Cultura, Fundação de Cultura Cidade do Recife e Prefeitura do Recife, por meio do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC).