Decisão da Prefeitura de Goiana surpreende e frustra agentes culturais com saída de Roberto Pereira da Secretaria de Cultura

 Decisão da Prefeitura de Goiana surpreende e frustra agentes culturais com saída de Roberto Pereira da Secretaria de Cultura

Foto: Reprodução da Internet

Promessa feita em reunião pública com artistas não foi cumprida; escolha do novo secretário é vista como imposição política e causa indignação no setor cultural

A manhã desta quarta-feira (25) começou com um sentimento amargo para os fazedores de cultura em Goiana. Após semanas de expectativa e diálogo, artistas, músicos e representantes do setor foram surpreendidos com o anúncio de que Roberto Pereira está deixando a Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Cultural – justamente o nome que havia sido indicado de forma unânime pela própria comunidade cultural para continuar à frente da pasta.

A decisão, tomada pelo prefeito Marcílio Régio, contraria o compromisso assumido publicamente durante a chamada Reunião da Cultura, onde o gestor garantiu que ouviria os protagonistas da cena cultural local. Para muitos, a escolha do novo secretário, Ítalo Côco – nome ligado ao ex-prefeito Eduardo Honório –, foi interpretada como um movimento político, que despreza o trabalho já construído e ignora o desejo coletivo de quem vive e respira cultura no município.

“É como se a gente tivesse falado para as paredes. Houve uma escuta que, no fim das contas, não valeu de nada”, desabafa uma produtora cultural, com voz embargada, ao saber da decisão. “Roberto é um homem do diálogo, sempre respeitoso, acessível, alguém que compreende a cultura não como vitrine, mas como força viva de uma cidade.”

O sentimento que ecoa pelas redes sociais e rodas de conversa é de perplexidade. Não houve explicação pública, nem sequer uma despedida digna. “É difícil aceitar que alguém que vinha fazendo um trabalho tão comprometido seja retirado sem um gesto de consideração. Cultura é também afeto, é construção coletiva. E tudo isso foi ignorado”, diz um músico goianense.

Mais do que a troca de um nome, os agentes culturais temem o retrocesso. Muitos enxergavam em Roberto Pereira um gestor técnico, com trânsito entre os diversos setores da cidade, capaz de conduzir uma política cultural inclusiva e democrática. Sua saída repentina é vista como sinal de instabilidade e desrespeito com o setor.

“O que a gente mais precisava agora era de continuidade, não de politicagem. Goiana não pode mais andar de lado enquanto o mundo avança”, lamenta uma artista plástica da região.

Para quem vive de arte, memória e tradição, a escolha do novo secretário não representa apenas uma troca administrativa, mas o risco real de apagamento de processos que estavam em curso. “Não é só sobre quem vai ocupar a cadeira. É sobre como esse alguém vai lidar com o que foi construído com tanto esforço, com tanta escuta”, acrescenta um membro do conselho cultural.

Em uma cidade que carrega um legado histórico e cultural tão rico, a esperança dos artistas é que essa decisão ainda possa ser revista, ou, ao menos, que os gestores compreendam que fazer cultura é, antes de tudo, reconhecer e respeitar as pessoas que a constroem todos os dias, longe dos palanques e perto da realidade.

Até o momento, a Prefeitura de Goiana não se pronunciou oficialmente sobre os motivos da substituição nem sobre os próximos passos da nova gestão cultural.

Enquanto isso, a cultura de Goiana resiste – mas espera, ao menos, ser ouvida.

Redação

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