Don’t Fuck With Cats: Uma caçada on-line | Crítica

Don’t Fuck With Cats: Uma caçada on-line/Netflix – Reprodução
A mais nova e surpreendente minissérie documental da NETFLIX, de título: Don’t Fuck With Cats: uma caçada on-line; conta a história do assassino canadense Luka Rocco Magnotta. A trama é dirigido por Mark Lewis, foi lançado em 18 de dezembro de 2019, e vem dando o que falar. Confira prévia:
Dividida em três capítulos, com cerca de aproximadamente uma hora cada episódio, a série nos remete a fatos ocorridos, que desembocaram no terrível assassinato de um estudante Chinês, residente no Canadá. A princípio não identificado, mas, buscando doentiamente por notoriedade, o acusado passou a postar vídeos nos quais sacrificava pequenos gatos, de maneira covarde e cruel, o que atiçou a revolta e curiosidade das pessoas, que passaram a dar início a uma caçada virtual a este, repleta de reviravoltas surpreendentes.
Mas afinal, quem é Luka Rocco Magnotta?
Trata-se de um modelo/acompanhante, que matou covardemente, a sangue frio e sem possibilidade de defesa, Jun Lin, um estudante internacional chinês, o esquartejou e enviou seus membros pelos correios para escolas primárias do Canadá, bem como para sede de partidos políticos daquele país. Tal fato ganhou notoriedade internacional, o que na realidade, era o que o sociopata almejava. Nascido em 24 de julho de 1982 em Scarborough/Canadá (37 anos), e tendo como nome verdadeiro Eric Clinton Kirk Newman, também utilizará as alcunhas de: Vladimir Romanov; Mattia Del Santo; Jimmy; Justin; Angel e Kirk Trammel. Atualmente encontra-se cumprindo pena de prisão perpétua em Port-Cartier Prison, Quebec – Canadá.
Bem mais profundo que uma simples análise do que levaria alguém a cometer tais atos insanos, Don’t Fuck With Cats é sem dúvidas, uma crescente na qual, acompanhamos estupefatos, o nascimento e o desenvolver de um maníaco psicopata movido à necessidade de atenção e notoriedade.
A série baseia-se nos relatos das pessoas empenhadas em encontrar e responsabilizar o maluco que houvera matado asfixiado dois filhotes de gatos e postado na internet. Pessoas essas, que formaram um grupo no facebook, criado única e exclusivamente com essa finalidade, formado por Baudi Moovan (pseudônimo criado para Deeana Thompson, analista de dados de Las Vegas), John Green (pseudônimo de um especialista em computadores, não-identificado); bem como por diversos outros participantes e colaboradores, que iniciaram uma literal “caçada on line”, ao matador de gatos.
Durante o decorrer da série, em nenhum momento vemos os vídeos com os gatinhos na íntegra (sim, ele matou outros), o que de qualquer forma, não os torna mais leves, ao contrário; o que nos deixa por imaginar a conclusão obvia deles, com exceção da cena do assassinato, que nos mostra exatamente como ocorre e a frieza com o qual Luka o planejou. A série mostra-se tão intrigante, que via de regra, assistem-se os três episódios encarreirados, pois perdura o desejo de saber o desfecho daquela caça visceral.
No decorrer dos episódios ficamos a nos indagar se Luka era um gênio do crime ou um louco psicopata; pois por mais que se aproximassem dele, ele sempre estava um passo a frente de seus perseguidores; visto que no decurso dos acontecimentos, vemos que a ansiedade por encontrar o autor dos vídeos, fez com que os indícios apontassem equivocadamente à um inocente, conhecido por Jamsey, que residira na Namíbia, e passará a sofrer ameaças por conta dos vídeos, em decorrência de um truque leviano, devidamente orquestrado por Luka, para despistar seus perseguidores; tal erro de percurso, supostamente, acarretou em seu suicídio.
Magnotta, sem dúvidas, era um maníaco, narcisista e sociopata, que articulou meticulosamente cada passo que desejara dar, criando álibis, prevendo a ação daqueles que o perseguiam, atiçando-os como o personagem do filme “prenda-me se for capaz”, com o qual, em alguns momentos, fazia questão de comparar-se ou reproduzindo cenas de filmes que curtia e enaltecia.
Descreveria como surpreendente e aterradora sua capacidade de manipular e orquestrar ardilosamente tudo, antevendo as reações do público que gostava de instigar, criando a narrativa que desejava que fosse contada, ao realizar algo realmente difícil de ser ignorado; com o intuito de receber a atenção que julgava merecer. Mas, se o autor dos crimes almejava atenção, as pessoas que visualizavam e propagavam seus vídeos, colaboraram para isso? De certa forma, sim; afinal a propagação de seus feitos malignos, trouxera a visibilidade que ele tanto desejava, de bandeja.
Em entrevista ao The Independent, o diretor do documentário, Mark Lewis, ressaltou uma das mensagens que Luka houvera enviado a Deanna: “Aquele que luta contra monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para o abismo, o abismo também olha para você”. Evocando a citação do filósofo Friedrich Nietzsche. Isso a fez refletir, o quão profundamente ela havia se envolvido nisso tudo, e se já estaria a pensar como o próprio assassino.
Por fim sua vaidade exacerbada e seu ego inflamado desencadearam sua derrocada. Don’t Fuck With Cats, sem dúvidas, há de mexer com seus nervos, e ao final, o documentário nos deixa a seguinte reflexão: Somos cúmplices ao dar visibilidade e propagar tais vídeos virais?
Confira outras críticas do streaming:
Com 3 episódios, Don’t Fuck With Cats: Uma caçada on-line chegou a Netflix no dia 18 de dezembro de 2019.