Empreendedorismo feminino: quando elas comandam negócios e transformam histórias

Um dia me disseram que eu precisaria criar algo muito foda para ganhar dinheiro empreendendo.
Já outro dia eu ouvi dizer que para viver a tão desejada estabilidade financeira eu precisaria contar com ‘um salário certo’, afinal as faturas chegam e amor não paga contas.
Em um outro momento, tentaram me alertar que tudo que eu fizesse seria exposto a duras críticas e que em algum momento isso poderia me desanimar.
Certo dia, eu me peguei sofrendo pelas coisas que eu precisava fazer para a chave girar no tempo que eu gostaria e me esqueci de agradecer pelo que já tinha construído e por ter chegado até aquele ponto.
Há quase doze anos venho prestando atenção e conhecendo trajetórias de mulheres que têm potencial muito acima da média, mas insistem em permanecer na caixa porque dão ouvidos demais ao discurso desmotivador de uma sociedade que acha conveniente manter a mulher nos bastidores.
Por outro lado, os números são categóricos. Segundo estudo realizado pelo Sebrae, a partir de dados do IBGE, 10,3 milhões de mulheres comandam negócios no Brasil. Elas já representam 34,4% na liderança dos empreendimentos em solo nacional. Sem dúvida, um marco que se torna ainda mais importante, considerando o cenário bagunçado provocado pela pandemia.
Mulheres geralmente atuam no segmento de serviços e em suas áreas de conhecimento. Alimentação, estética e moda são setores bem explorados no empreendedorismo feminino. Elas também têm maior grau de escolaridade, mas ainda não se sentem tão confiantes ao planejarem seus negócios.
Os avanços e os dados precisam ser valorizados, claro. Entretanto, os desafios ainda são imensos. A conciliação de múltiplas jornadas, a necessidade de ‘comprovar’ competências sociais e profissionais a todo tempo e as desigualdades de acesso ao crédito são alguns dos entraves que mulheres de diversos recortes encontram no meio da sua jornada empreendedora.
Entretanto, em meio a tantos dilemas e conquistas, estamos aqui realizando, inspirando e contando histórias, muito além do mundo executivo.
Afinal, empreender é bem mais do que se encontra entre a decisão de executar algo e a aplicação prática de um plano. Empreender, por oportunidade ou necessidade, é um jeito massa de se transformar e transformar a vida de pessoas positivamente. E vamos combinar, gerar valor é um negócio que mulher adora, não é mesmo?
Em contraponto, tentar definir ou rotular a mulher empreendedora é uma ousadia.
Empreender é a dinâmica habitual da mulher de atitude, que cuida da própria história, desempenha os papéis que fazem sentido pra si, deixando, ainda, o seu perfume por onde passa.
A mulher de negocios é, antes de tudo, uma empreendedora de si mesma. Ela sou eu, é você, a sua mãe, a sua namorada, a sua esposa, a sua filha, a sua amiga. Ela está em todos os lugares e sabe que não há melhor empresa para administrar do que a própria vida.
Saiba mais sobre a colunista Carol Maia
Carol Maia é jornalista inquieta, estudiosa do comportamento feminino, empreendedora e escritora.
Mãe de Maria Vida, pernambucana, corredora amadora, que adora desbravar fronteiras, contar histórias e tomar rosé.