Exposição com curadoria do Governo de Pernambuco homenageia J. Borges no Congresso Nacional Mostra celebra a vida e a obra do mestre da xilogravura e do cordel no Salão Negro, com 70 peças, catálogo bilíngue e oficinas interativas.
Mostra celebra a vida e a obra do mestre da xilogravura e do cordel no Salão Negro, com 70 peças, catálogo bilíngue e oficinas interativas.

A arte popular pernambucana ocupou o coração do Congresso Nacional, em Brasília, nesta quarta-feira (23), com a abertura da exposição J. Borges: Poesia e Arte. A mostra, que celebra o legado do mestre da xilogravura e do cordel, foi idealizada e proposta pelo Governo de Pernambuco, através de edital, para apresentar a outras regiões do Brasil o universo lírico e visual do artista de Bezerros, no Agreste. A governadora Raquel Lyra participou da cerimônia de abertura, no Salão Negro da Casa Legislativa, e destacou o papel de J. Borges como símbolo da identidade pernambucana.
“Pernambuco e o mundo conhecem J. Borges, com todas as suas artes. O trabalho dele falava da simplicidade, da força e da resiliência da nossa gente. Ele dizia que ser autêntico é ser simples, e não tem sabedoria maior do que essa. Essa é a expressão da cultura popular de Pernambuco, que nos faz um povo diferente de qualquer lugar no mundo”, destacou a governadora Raquel Lyra.
Pensada inicialmente como uma homenagem aos 90 anos que o artista completaria em 2025, a exposição teve sua proposta inscrita pelo Estado — por meio do escritório de representação em Brasília — no edital anual da Câmara dos Deputados, sendo selecionada para ocupar um dos espaços culturais mais simbólicos do país. A curadoria, também realizada pelo Governo de Pernambuco, organizou o acervo com cerca de 70 obras, entre xilogravuras, matrizes e folhetos de cordel, pertencentes a colecionadores, ao Memorial J. Borges e à própria família do artista.
A iniciativa conta com apoio da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) e da Secretaria de Cultura do Estado. “Nós temos a honra de ter um pernambucano levando o nosso Estado para todo o país. J. Borges representa o pernambucano, o nordestino e o brasileiro. Onde a gente vê uma imagem dele, nem precisamos chegar muito perto, de longe mesmo já nos sentimos representados”, disse a secretária de Cultura de Pernambuco, Cacau de Paula.
A exposição foi dividida em três núcleos temáticos — Religiosidade, Sertão e Cotidiano Nordestino — e oferece ao público não apenas uma imersão na estética e narrativa de J. Borges, mas também uma experiência interativa. Entre os destaques, estão obras icônicas como “A mulher que botou o diabo na garrafa”, “Coração na mão” e “O monstro do sertão”, além de uma linha do tempo com os principais marcos dos 88 anos de vida e 60 anos de carreira do artista, que faleceu no ano passado.
“Essa mostra é o reconhecimento de J. Borges no Brasil e no exterior. Ela é a primeira exposição após a sua morte, e reúne um conjunto pensado para valorizar sua obra e trajetória. O Governo de Pernambuco reconhece a importância cultural e artística do xilogravurista no cenário nacional e assume o papel de homenagear e preservar esse legado”, destacou o curador da exposição, Romildo Gastão.
Como parte das ações educativas da mostra, serão realizadas oficinas de xilogravura, conduzidas por Pablo Borges, filho do artista e também gravador, em um ateliê em Brasília. Outro marco da mostra, que ficará em cartaz até 6 de julho, é o lançamento do primeiro catálogo bilíngue (português-inglês) sobre a obra do artista, visando internacionalizar o material. Representando a família do xilogravurista no evento, Pablo Borges falou sobre o legado do pai. “J. Borges não era só um artista ou um poeta, ele era uma pessoa muito humana, simples, alguém que não media esforços para ajudar a todos”, observou.
A senadora Teresa Leitão, por sua vez, destacou a importância da exposição. “A obra de J. Borges sempre teve as letras, as curvas e a boniteza da cultura nordestina e brasileira como essências. É preciso homenagear este que é um dos maiores artistas pernambucanos do nosso tempo”, disse. Para o deputado federal Carlos Veras, “promover essa exposição neste espaço simbólico, no Parlamento brasileiro, é muito mais do que uma iniciativa cultural, é um ato político de afirmação da nossa identidade nordestina, da nossa identidade nacional”.
A prefeita de Bezerros, Lucielle Laurentino, mencionou que “o povo bezerrense está muito bem representado no Salão Negro do Congresso, por meio das obras de J. Borges”. Para o deputado estadual Joãozinho Tenório, “é um evento de muita importância, que mostra o que representa J. Borges para nós, pernambucanos, e para os bezerrenses”.
Também estavam presentes no evento o senador Humberto Costa e os deputados federais Mendonça Filho, Túlio Gadelha, Júnior Uchôa, Waldemar Oliveira e Fernando Monteiro.