LGBTI+ Pela Visibilidade Intersexo..

Estamos no mês de visibilidade Intersexo, a visibilidade da Letra I da sopinha de letras da Sigla LGBTI+. Nesse mês lembramos que a cada 2000 nascimentos, 1 pessoa no mundo nasce Intersexo, com genitália ambígua com risco de mutilação para se encaixar no que entende-se por masculino ou feminino. Ainda são poucos os países que proíbem tal prática. mas a Intersexualidade se restringe a pelo menos 3 condições capazes de gerar genitália ambígua. No dia 26 de outubro lembramos dessa luta e celebramos os corpos que resistem diante da medicina, dos direitos negados e da falta de políticas por parte do estado. A visibilidade Intersexo é muito importante para a luta contra a mutilação genital e a hormonização sem consentimento.
A expectativa advinda da determinação do gênero a partir da genitália passa a ser uma violação de direito desde o nascimento, onde todas as pessoas que apresentam uma genitália ambígua, consideradas intersexuais, eram obrigadas a agir socialmente e sexualmente normativamente em um gênero designado pelos familiares.
Segundo especialistas, entre 0,05% e 1,7% da população mundial é intersexo, a maior estimativa é semelhante ao número de pessoas naturalmente ruivas.
As pessoas costumam relacionar o intersexo ao termo hermafrodita, já bastante estigmatizado, mas a comunidade representada por essa denominação, não aprova essa referência, precisamente pelo fato de o intersexo denotar várias maneiras que o sexo biológico de alguém pode naturalmente não ser constituído somente por traços típicos masculinos ou femininos, e não necessariamente uma questão de possuir dois tipos de orgãos reprodutores, como hermafrodita se refere. Algumas pessoas intersexo, assim como qualquer outra pessoa, poderão ser transgênero.
Havia uma prática comum entre familiares que desejavam essencialmente eliminar a intersexualidade em suas famílias e ainda durante a infância dos seus filhos os submetiam a intervenções cirúrgicas desnecessárias e a outros procedimentos que tinham como propósito tentar fazer com que a sua aparência ficassem de acordo com a definição típica de sexo masculino ou feminino.
Muitas pessoas adultas intersexo que foram expostas a cirurgias enquanto crianças realçam a vergonha e estigma associados à tentativa de apagar os seus traços intersexo, tal como o sofrimento físico e mental, incluindo como resultado as cicatrizes extensivas e dolorosas. Muitas também sentem que foram forçadas a assumirem um sexo e gênero que não lhes é adequado.
Estas intervenções têm frequentemente como base, normas culturais e de gênero e crenças discriminatórias relativas a pessoas intersexo e a sua integração na sociedade.
Atitudes discriminatórias não podem nunca justificar violações de direitos humanos, incluindo tratamento forçado e violações ao direito à integridade física de ninguém. Quantos dos nossos jovens vivem hoje a invisibilidade da sua identidade por não conseguir viver dignamente a sua condição intersexo?
Outro dia fiquei sabendo pela minha Mãe que na minha família a muito tempo atrás uma tia tinha vivido a experiência de dar a Luz a uma criança intersexo, hoje não temos dados da existência dessa criança, pois ela foi designada pelos pais a se submeter a cirurgia e não sobreviveu ao procedimento.
Existem muitas histórias como essa, e da mesma forma que aconteceu com minha família eles entraram para estatistas de mortalidade infantil e não para dados sobre a população intersexual.
Muitas vezes o consentimento para esses procedimentos é dado na ausência de informação sobre as consequências a curto e longo prazo sobre tal cirurgia e também com a falta de contato com outras pessoas adultas intersexo e as suas famílias.
Que todas essas violações acabem. Que nossas vivências compartilhadas façam sentido e dêem sentido a vida de tantos outros Jovens e suas famílias.
É preciso avançar em conhecimento para que não se cometa tanta atrocidade em nome da cultura ultrapassada de famílias de comercial de margarina.
Convivi com uma Jovem precursora na causa intersexo no meu estado, Yumi Lee, com ela aprendi muito sobre essa condição, aprendi principalmente que nos anos 50 a intersexualidade era vista como um problema psicossocial que misturava categoriais sexuais em uma maneira socialmente desconfortável.
Yumi, como eu costumava chamar essa ativista que hoje deixa muita saudade, defendia bravamente o respeito a diversidade humana, mas principalmente que se implantasse politicas de saúde mais fundamentadas no respeito aos corpos intersexo e cabendo também a esse corpo a decisão sobre fazer ou não a redesignação sexual.
Hoje se defende como conduta para pessoas que apresentam uma genitália ambígua conhecidas como intersexo, a partir de determinação e recomendação do Conselho Federal de Medicina, que só em 2003 regulamentou os procedimentos que devem ser adotados nesses casos. De acordo com o texto, “pacientes com anomalia de diferenciação sexual devem ter assegurada uma conduta de investigação precoce com vistas a uma definição adequada do gênero e tratamento em tempo hábil”. O CFM recomenda que, para a adoção final do sexo, o caso deve ser acompanhado por uma equipe multidisciplinar. A família deve receber apoio e ser informada sobre o problema e suas implicações, e o paciente, sempre que possível, deve participar ativamente do processo.
Não implicando na urgência do procedimento em crianças. Mas na prática, no entanto, não há participação alguma dos principais interessados, já que a maior parte das cirurgias é feita na primeira infância, sob o argumento de facilitar a socialização da criança e de minimizar os danos de crescer com uma genitália incomum.
Cabe dá ênfase ao respeito pelo tempo de cada pessoa para a designação sexual… A ONU (Organização das Nações Unidas), por exemplo, recomenda que os países proíbam cirurgias e procedimentos médicos desnecessários em crianças intersexuais.
Sobre o intersexo eu nada sei… o que trago está acessível em cada relato publicado e nas lembranças que trago da atisvista do Ser Coletivo, Yumi Lee a quem eu dedico essa coluna em memória ao seu empenho em colaborar com sua vivência mesmo que breve, a essa causa. Com quem eu aprendi muito e a quem eu rendo todas as homenagens no dia de hoje em alusão ao dia de visibilidade Intersexo.
#26deoutubrodiadevisibilidadeintersexo
#LutecomoUmaMãe
#YumiLee
@gicmachado