Medo – Bolsonaro no Planalto

Por Arthur Cunha
O decano do Jornalismo Político, Bob Woodward, afirma, em seu mais recente livro, intitulado “Medo – Trump na Casa Branca”, que assessores próximos ao presidente norte-americano aplicaram o que ele chamou de Golpe de Estado Administrativo – essa obra, por sinal, já nasceu um best seller, tendo mais de um milhão de exemplares vendidos na primeira semana. Temendo pela sanidade mental do líder da maior potência do planeta, esses funcionários, entre eles alguns equivalentes aos nossos ministros, esconderam memorandos e sonegaram informações de modo a impedir Trump de tomar decisões precipitadas pelas quais os Estados Unidos pagariam um alto preço.
Na prática, o que aconteceu foi um enfraquecimento da vontade do mandatário e de sua autoridade constitucional, afinal, ele foi eleito legitimamente para o cargo. “Um colapso nervoso do Poder executivo do país mais poderoso do mundo”, concluiu Bob Woodward, que já cobriu nove presidentes pelo Washington Post; escreveu 18 livros; ganhou dois prêmios Pulitzer e foi coautor da série de reportagens com Carl Bernstein sobre o caso “Watergate”, ainda nos 70, que culminaram na renúncia do então presidente Richard Nixon.
Se, ao ler esse preâmbulo, você fez um comparativo com o que estamos vivendo no Brasil, parabéns, você está certo. E pode se assustar, viu! É justamente isso, um Golpe de Estado Administrativo – ou mesmo um Impeachment -, que muita gente já defende em Brasília; no Congresso e na Caserna. A constante falta de decoro do presidente e dos seus filhos trapalhões está causando arrepios nos principais grupos que integram a administração: os militares e a turma da economia, ligada ao superministro Paulo Guedes. Inspirado no ídolo Trump, por quem será recebido no próximo dia 19, Bolsonaro parece seguir o mesmo script do norte-americano ao usar as redes sociais para destilar ódios desnecessários e criar polêmicas estapafúrdias que estão acabando, em tempo recorde, com seu próprio capital político. Com isso, ele esquece de governar.
Os fatos da última semana só comprovaram, de forma cabal, o que muitos já tinham certeza: Bolsonaro não faz ideia do que é ser presidente da República. Não tem filtros; não se preparou para exercer o cargo; não tem postura. Na linguagem popular, é um “sem noção”; um papangu que deu certo. A culpa, é preciso se dizer, não é só dele. É menos de quem o elegeu, porque votou nutrido de um sentimento de mudança necessário diante de tanto desgoverno, e mais da classe política – aí eu estou incluindo os principais líderes e partidos dominantes de outrora -, que falhou na missão de conduzir a nação. Agora, é torcer para a divindade (ou como você queira chamar) iluminar a cabeça do nosso presidente sem juízo. Este país não aguenta outro Impeachment. Que Deus nos ajude!
Olavistas x Militares – Não bastasse Bolsonaro, seus filhos trapalhões e seu partido “laranja”, o guru do Bolsonarismo, Olavo de Carvalho, é outro que está jogando contra. O filósofo, sustentáculo do núcleo ideológico do governo, entrou em guerra declarada contra os militares. Sexta, mandou seus alunos deixarem a administração. Agora, os olavistas estão acusando a turma da caserna de perseguição. Assessor especial do MEC, Silvio Grimaldo disse que o presidente preferiu os “generais positivistas” aos “ativistas intelectuais de Direita”. É uma guerra de egos!
Previdência – No bojo desse embate, o secretário de Políticas de Previdência Social, Leandro Rolim, afirmou que a alíquota para os militares vai aumentar de 7,5% para 10,5%. “A contribuição de pensionista, que hoje é zero, vai ser de 10,5%, igual à do militar. O tempo de atividade vai de 30 para 35 anos. E vai aumentar o percentual de militares temporários, reduzindo, portanto, a atividade militar. O temporário, depois que sai, não vai para a reserva, vai para o regime geral, ou, se passar em um concurso, para o regime próprio”, informou.
Fusão – O Estadão noticiou que deu para trás a fusão da Rede Sustentabilidade com o PPS. O partido de Marina Silva foi quem desistiu da proposta. Seus filiados avaliaram que o movimento a ser feito deve ser o de insistir no projeto que teve apenas 1% dos votos para a Presidência, em 2018. A própria Marina votou pela manutenção da sigla, que não conseguiu ultrapassar a cláusula de desempenho no ano passado. Teve gente também reclamando da falta de diálogo da turma de Roberto Freire durante as negociações.
Pouca relevância – Por aqui, as duas siglas devem continuar com pouca relevância, ficando a reboque de outras forças. A Rede, sem liderança, parece um balaio de gato – tem mais cacique do que índio. Já o PPS, que tinha um papel importante na época de Raul Jungmann, hoje é um partido esvaziado; seus principais quadros, ligados ao ex-ministro, optaram pelo afastamento depois do comando da legenda ir para Daniel Coelho. Uma pena! Tanto a Rede quanto o PPS tinham tudo para serem destaques no cenário local.
Curtas
CHAPA ÚNICA – A exemplo da Amupe, que reelegeu o prefeito José Patriota (Afogados da Ingazeira) como seu presidente, a UVP também só registrou uma única chapa para a sua direção. O pleito, que acontece no final do mês, durante congresso as entidade, vai ratificar o nome de Josinaldo Barbosa, atual mandatário.
AFINADOS – Novo presidente do PR em Pernambuco, o prefeito Anderson Ferreira (Jaboatão dos Guararapes) deu mais uma mostra de que está afinado com Fernando Bezerra Coelho ao entregar o comando do diretório do PR em Petrolina a um aliado do senador: Simão Durando, secretário municipal de Governo e Agricultura.
RÁDIO – O jornalista Aldo Vilela está de volta ao rádio no próximo dia 25. Ele vai comandar o departamento de Jornalismo da Rádio Transamérica FM 92.7 Recife. Aldo vai ancorar dois programas na casa. Começa pela manhã, das 6h às 7h. À tarde, estará no Transamérica debate, das 15h às 16h.
Perguntar não ofende: Bolsonaro come o milho do São João?