Melinda Gates está trabalhando por uma filantropia mais inclusiva
Os próximos passos de Melinda Gates podem ser exatamente o que a filantropia – e a sociedade em geral – precisa para resolver os problemas de hoje.
“Agora sou uma doadora muito confiante. Sei no que acredito”, disse a filantropa Melinda French Gates em entrevista exclusiva à Forbes. “Sei que ainda tenho muito a aprender, e isso realmente me anima. Eu tenho certas convicções, e estou vivendo elas por meio das minhas doações.”
Após 22 anos como copresidente da Fundação Gates, a maior entidade filantrópica privada do mundo, Melinda Gates está mais uma vez mudando o foco da filantropia ao entrar em um novo capítulo após seu divórcio de Bill Gates.
Seu mais recente empreendimento não foi feito com um cheque de nove dígitos, mas por algo igualmente poderoso, sua voz. Com a missão de tornar a filantropia mais acessível a todos, Melinda Gates está agora dedicando suas décadas de experiência em capacitar indivíduos para promover mudanças em suas próprias comunidades.
A plataforma de aprendizado online MasterClass anunciou o lançamento de uma nova aula sobre doação de impacto ministrada por Melinda. Desafiando a percepção de que a filantropia deve ficar restrita a bilionários com grandes talões de cheques, ela oferece aos membros um roteiro sobre como qualquer pessoa pode ser doadora e causar impacto, independentemente de seus recursos. “Todos nós temos algo a retribuir, e acho que as pessoas geralmente não pensam nessas outras peças além do dinheiro.”
Desde doar tempo, recursos financeiros ou alavancar uma área de especialização, Melinda Gates se baseia em lições de sua jornada filantrópica para equipar os alunos com as ferramentas para começar a doar. Os capítulos das aulas mergulham na aplicação diária das doações e oferecem as melhores práticas para identificar metas, medir o progresso e alavancar sua voz para um bem maior.
Como uma força importante por trás da organização filantrópica The Giving Pledge, que inspirou bilionários a dedicar a maior parte de sua riqueza a causas de caridade, Melinda Gates agora está mudando de marcha para acelerar as doações em um outro nível. Em última análise, a MasterClass é mais do que inspirar indivíduos a agir, é um apelo à ação para tornar as doações mais inclusivas e equilibrar o poder filantrópico de uma forma que alinhe melhor todas as partes interessadas.
“Aprendi o quão importante é garantir que as pessoas mais próximas a esses problemas tenham um papel na concepção de soluções”, disse Melinda Gates em sua carta do Giving Pledge, que ela atualizou no final do ano passado. “Os filantropos geralmente são mais úteis para o mundo quando estão atrás de um movimento em vez de tentar liderar o seu próprio.”
“As pessoas estão procurando comunidades agora. Estamos buscando maneiras de nos unir para criar mudanças em nossas comunidades, países e no mundo. A filantropia e a retribuição são uma maneira ótima de fazer isso”, diz. Em tempos cada vez mais divididos, em que as desigualdades econômicas estão aumentando, assim como o ceticismo em torno das estruturas tradicionais de poder, ela acredita que a mensagem por trás de sua MasterClass é mais urgente do que nunca.
Abordar as desigualdades sistêmicas e trazer novas vozes para as mesas de poder têm sido pautas de todo o trabalho de Melinda Gates. Ao começar a traçar seu próprio curso filantrópico, ela percebeu que um de seus maiores desafios pessoais também era um dos problemas mais difíceis do mundo: diminuir as diferenças de gênero. “Acho que o mundo sempre viu o gênero como uma questão paralela, principalmente em instituições dirigidas por homens. Levei um tempo para dizer: ‘Não, não, não. Essa é a questão central.’”
Ela estava na vanguarda filantrópica com essa mensagem, primeiro defendendo o empoderamento das mulheres dentro da Fundação Gates e mais tarde por meio do lançamento da Pivotal Ventures, sua empresa de investimento independente dedicada ao avanço do gênero e do progresso social.
A especulação permanece em torno do futuro da Fundação Gates e sua doação de US$ 55 bilhões (R$ 280 bilhões), já que ela e o ex-marido Bill Gates concordaram que Melinda deixaria a presidência em 2023 se eles decidissem que não poderiam mais trabalhar juntos. “Todas as evidências que vejo mostram que seremos capazes de administrar a fundação juntos para sempre”, disse Bill Gates à Forbes em uma entrevista recente.
O que está claro é que o poder filantrópico de Melinda vai muito além dos muros da maior fundação privada do mundo. Ela emergiu como uma das doadoras mais transformadoras não apenas por meio da riqueza, mas com seu compromisso de capacitar pessoas e sua noção de que o verdadeiro progresso só pode ser alcançado quando todas as vozes participam da solução.
“No final da minha vida, não é realmente sobre o que eu fiz”, diz Melinda Gates. “É muito mais ‘Fui amada por minha família e amigos, e mudei o mundo de alguma forma para torná-lo melhor para a próxima geração?’ E espero ter feito isso.”