Morre presidente da Escola de Samba Preto Velho de Olinda
Clóvis Ferreira era presidente da agremiação há sete anos e era conhecido por ser um dos principais defensores do samba em Olinda
O presidente do Grêmio Recreativo Escola de Samba Preto Velho, Clóvis Ferreira, morreu na tarde da sexta-feira (9), aos 56 anos, vítima de câncer no fígado. Ele estava internado há cerca de um mês no Hospital de Miguel Arraes, em Paulista. Clóvis era presidente da agremiação há sete anos, mas frequentava o Preto Velho desde a infância. Amigos, familiares, músicos e a moradores do Sítio Histórico de Olinda lamentaram a perda.
Ele sempre teve empenho em manter a cultura e a arte do samba viva. É uma perda irreparável para todos nós. Clóvis tinha um jeito bem calado, mas com muita seriedade e respeito tirou muitos jovens das drogas e os colocou em aulas de percussão. Ele tinha o poder de resgatar a cultura e salvar as pessoas
– Jacy Lima “Dinda” integrante do Associação Carnavalesca de Samba de Olinda (Acaso)
Clóvis foi um dos principais incentivadores do samba em Olinda e ajudou difundir o ritmo nas ladeiras de cidade não apenas no carnaval, mas ao longo de todo o ano. O corpo do sambista está sendo velado na Sede da Escola de Samba Preto Velho até as 15h. O enterro acontecerá na tarde deste sábado (10), no Cemitério de Guadalupe, também em Olinda.
Ele também foi co-fundador da Associação Carnavalesca de Samba de Olinda (Acaso). Como diretor da escola de samba, intensificou os ensaios, realizados sempre aos domingos, na sede da agremiação, localizada no Alto da Sé. “Ele vivia para o Preto Velho. Sempre batalhou pela melhoria da escola e defendeu o samba de corpo e alma”, afirmou Henrique Guimarães, mais conhecido como Deco, presidente da Acaso e diretor de bateria do grupo de samba Patusco.
Como forma de financiar a agremiação e melhorar a estrutura da sede, Clóvis também abriu as portas do Preto Velho para outros estilos, festas e manifestações culturais. “Sempre teve essa cabeça de abrir o espaço para outras coisas. Ele sabia que isso ajudava na manutenção do lugar. E também era muito tranquilo. Caía o Mundo e ele não estava nem aí”, recorda a DJ e produtora cultural Lala K, que há mais de dez anos realiza festas e prévias de blocos carnavalescos no salão da escola.
Orlando de Paula, amigo de infância de Clóvis, lembra que o Preto Velho é a única agremiação de Olinda que defende o samba-enredo de raiz. “E ele insistia muito nisso e achou outras formas de expandir isso. Foi assim que ele levou a escola pra concorrer no desfile de escolas de samba do Carnaval do Recife”, pontua o amigo.
Nascido na Rua Bertioga, no Carmo, Olinda, Clovis morava no mesmo local e frequentava a sede da escola quase todos os dias. Ele deixa um filho, que mora em São Paulo.