Com o avanço da tecnologia e o crescimento das redes sociais, conhecer alguém pela internet se tornou comum. Porém, o que parece uma maneira moderna e prática de encontrar o amor pode esconder um risco sério: relacionamentos com pessoas que simplesmente não existem.

Essas conexões, muitas vezes construídas exclusivamente por mensagens, áudios e chamadas de vídeo (às vezes até com rostos gerados por inteligência artificial), podem envolver sentimentos reais por parte de uma das pessoas — enquanto a outra está apenas interpretando um personagem. E é aí que mora o perigo.

Amor virtual, perigo real

Relacionamentos online podem ser sinceros e verdadeiros, mas também podem ser manipuladores, ilusórios e perigosos. O fenômeno conhecido como catfishing — quando alguém cria uma identidade falsa para enganar outra pessoa — é mais comum do que se imagina. A vítima, iludida pelo contato constante e pela intimidade digital, muitas vezes se apaixona por alguém que nunca viu pessoalmente e que pode estar mentindo sobre tudo: nome, idade, aparência, intenções e até gênero.

Em alguns casos, a ilusão vai além do emocional. Há quem perca dinheiro, tempo, autoestima e até a confiança nos relacionamentos após cair em um golpe emocional.

Perfis perfeitos demais? Desconfie

É comum que golpistas usem fotos de modelos, artistas ou imagens geradas por IA para criar perfis atrativos. Eles dizem tudo o que a pessoa quer ouvir, se mostram intensos, presentes, compreensivos — quase como uma versão idealizada do “parceiro dos sonhos”. O objetivo? Prender emocionalmente a vítima e construir um laço rápido e profundo.

Na ausência do encontro físico, o cérebro preenche lacunas com fantasias. Isso cria uma dependência emocional intensa, onde a pessoa idealiza o outro com base no que gostaria que ele fosse — não no que ele realmente é.

Quando o relacionamento é só você que vive

Outra armadilha desses relacionamentos é o desequilíbrio afetivo: muitas vezes, apenas uma das partes está realmente envolvida. Enquanto uma pessoa espera ansiosamente por mensagens, sofre com silêncios e cria planos para um futuro juntos, a outra está apenas se divertindo, mantendo múltiplos “relacionamentos” virtuais ou mesmo utilizando a interação como fonte de validação.

A falta de presença física permite que o outro sempre tenha uma desculpa para não se encontrar: problemas familiares, falta de dinheiro, doenças repentinas, trabalho excessivo. Tudo isso cria um ciclo de espera e frustração que pode durar anos.

Sinais de alerta

Alguns comportamentos podem indicar que o relacionamento virtual está se tornando tóxico ou perigoso:

• A pessoa evita mostrar o rosto em chamadas de vídeo.
  
• Sempre adia um encontro pessoal com justificativas emocionais.
  
• Pede dinheiro ou favores sem nunca ter te encontrado.
  
• Some por dias ou semanas e volta como se nada tivesse acontecido.
  
• Te faz sentir culpado por desconfiar.
  

A solidão como gatilho

Muitas vítimas desses relacionamentos online estão em momentos de fragilidade emocional: solitárias, recém-separadas, com baixa autoestima ou carentes de atenção. Isso cria o terreno ideal para que alguém entre em sua vida prometendo amor, cuidado e compreensão.

Por isso, é essencial olhar com clareza e racionalidade para esse tipo de vínculo. A ausência do contato real não impede que sentimentos nasçam — mas exige atenção redobrada para não cair em armadilhas emocionais ou financeiras.

Conclusão

Relacionamentos online podem começar de forma legítima, mas precisam evoluir para o mundo real com bellacia se forem para ser levados a sério. A conexão virtual é só uma parte da construção afetiva. Sem encontros, sem vivências reais, sem convivência, o risco é de se apaixonar não por uma pessoa — mas por uma ideia.

Desconfie de perfeições digitais, de amores que nunca se concretizam fora da tela e de promessas que não saem do papel. O amor verdadeiro não se esconde atrás de uma conexão Wi-Fi.