Remake de “A Pequena Sereia” estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas; leia a crítica

 Remake de “A Pequena Sereia” estreia nesta quinta-feira (25) nos cinemas; leia a crítica

Halle Bailey vive a princesa Ariel em “A Pequena Sereia” – Foto: Divulgação/Disney

Estreia desta quinta-feira (23) nos cinemas de todo o mundo, “A Pequena Sereia” é o novo capítulo da cruzada da Disney para revitalizar os seus clássicos animados, adaptando-os para live-action. E assim como aconteceu com todos os que vieram antes, o remake se cercou de controvérsias sobre a necessidade de recontar a história da princesa Ariel (Halle Bailey), e o quanto a realização do longa era apenas uma estratégia da Disney para lucrar com nostalgia.

Havia duas possibilidades óbvias para o remake: reproduzir o feito de “Aladdin” e dar novos ares ao conto original, seja nas músicas ou numa reinterpretação de personagens, ou seguir os passos de “O Rei Leão” numa tentativa de adaptar quadro-a-quadro a animação sem nada que o tornasse distinto, exceto pelo entediante apego ao realismo.

A produção dirigida por Rob Marshall tenta nadar entre esses dois caminhos, almejando um maior desenvolvimento das ambições de Ariel e Eric (Jonah Hauer-King), e abrindo espaço para o elenco coadjuvante brilhar, mas fatalmente se acomoda nas migalhas deixadas pelo “Rei Leão”, contando a mesmíssima história da versão de 1989 de forma mais entediante e com uma duração maior que sente cada badalada do relógio.

Aqui, a princesa Ariel é uma jovem sereia obcecada pelo mundo da superfície, mas tem seus interesses interrompidos pelas regras de seu pai, o Rei Tritão (Javier Bardem), que a proíbe de deixar o mar após humanos matarem a sua mãe. Quando presencia um naufrágio e salva o príncipe Eric, Ariel encontra não apenas uma chance de ter contato próximo com humanos, mas também um inesperado amor que desperta os interesses sombrios de sua manipuladora tia Úrsula (Melissa McCarthy).

O remake não é de forma alguma um filme ruim, mas talvez fosse mais interessante se tivesse sido, pois ao invés disso, ele prefere ser esquecível, não agregando nada de novo relevante à narrativa e falhando em saltar aos olhos. Seja para se ancorar num falso realismo ou apenas para ocultar os efeitos especiais abaixo da média, a obra opta por cores em tons sóbrios e uma simulação de luz natural, desperdiçando a fantasia visual em prol de uma ambientação vazia e artificial tanto embaixo d’água quanto em terra firme – um simulacro.

Em uma era marcada por filmes que transformam as profundezas do mar em espetáculos visuais, a exemplo de “Avatar: O Caminho da Água” e “Aquaman”, o cenário composto só por algumas colunas de pedras, algas e um vazio azul deixa a desejar e causa estranhamento. Mesmo a vida marinha e outras criaturas mágicas vistas no longa se fazem presente somente quando a trama ou os números musicais exigem, dando a impressão de que apenas Ariel, Tritão e meia dúzia de animais habitam os oceanos.

Ariel canta e encanta
Para a tristeza dos racistas que atacaram Halle Bailey ao ser escalada para viver Ariel, a atriz e cantora sobrevive ao seu primeiro protagonismo nos cinemas com competência, dando seu melhor para superar a pouca experiência e o desafio de interpretar a personagem apenas com expressões faciais durante um terço do filme. Mas se na atuação Bailey ainda cambaleia, sua escalação se justifica nas músicas, em especial na interpretação de “Parte do Seu Mundo”, que ousa ser melhor que a original, cantada por Jodi Benson.

Coadjuvantes quebram a monotonia
Apesar de nenhum personagem ser particularmente interessante, os coadjuvantes contagiam pelo carisma. Jonah Hauer-King é um verdadeiro príncipe no papel do romântico Eric, e fica fácil entender o que roubou o coração de Ariel com tanta rapidez. Vivendo a maligna Ursula, Melissa McCarthy se diverte junto com o público ao entregar a atuação mais caricata da obra – uma quebra bem vinda se comparada ao Tritão de Javier Bardem, entre as piores atuações de sua carreira, não parecendo muito confortável interagindo com personagens feitos através de efeitos especiais.

Mas quem realmente brilha no filme é o trio Daveed Diggs, Awkwafina e Jacob Tremblay, interpretando os animais falantes Sebastião, Sabidão e Linguado, responsáveis pelo núcleo cômico. Nem sempre a dinâmica funciona, muito mais devido a falta de expressões faciais e linguagem corporal dos animais do que aos atores, mas ainda assim rende os melhores e mais divertidos momentos do longa.

mmscriacoes

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