25 anos de plano real

Foto: Ilustrativa
Em um cenário de hiperinflação, há exatos 25 anos, o real entrava em circulação. Criticado por muitos parlamentares da época, a moeda que enfrentava grande desconfiança da população, transformou-se em uma luz no fim do túnel.
Gastos elevados do governo, déficit nas contas públicas e impressão de moedas de forma irresponsável, trouxeram ao cenário econômico brasileiro algo próximo do caos. Em 1993, no auge da crise, ir ao mercado era um sufoco para todos. Faltavam produtos na prateleira e quando tinham, os preços eram elevados. Isso ocorria por causa da alta procura por alimentação para estocagem. Com a inflação cada vez maior, as famílias compravam o máximo de comida possível, pois sabiam que caso precisassem comprar novamente o preço seria totalmente diferente. Os preços variavam entre a manhã, tarde e noite.
Em menos de cinco anos o Brasil chegou a ter seis planos emergenciais com o intuito de estabilizar a economia. Cruzado 1 (fevereiro de 1986); Cruzado 2 (novembro de 1986); Bresser (junho de 1987); Verão (janeiro de 1989); Collor 1 (março de 1990); Collor 2 (janeiro de 1991). A situação do país estava insustentável. Após o impeachment de Collor, a economia alcançou níveis estratosféricos. A população precisava ser convencida que o plano real não era mais uma aventura econômica do Governo Federal.
Parlamentares que sempre atuaram em espectros políticos opostos, uniram forças para votarem contra a Medida Provisória (MP) 482, que implementou a URV (Unidade Real de Valor) e, consequentemente, a conversão da moeda. Entre os que foram contrários, está o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), na época, o deputado afirmou ser contra a medida por alegar que o plano prejudicaria os militares. Durante sessão na Câmara Federal, o capitão da reserva chegou a afirmar que “ministros e militares devem parar, refletir e pensar nas consequências para a tropa, para a democracia, para todos neste país, porque, na verdade, eu entendo que será insuportável a política salarial que estão impondo nesta oportunidade” porem, recentemente admitiu o erro. “Eu naquela época como capitão do Exército, representava aqueles que votaram em mim.” declarou Bolsonaro.
Partidos como o PT, PDT e o PCdoB fecharam questão contra a aprovação da medida, pois além de uma questão econômica, o plano real se tornou também um fator político. Para o governo Itamar Franco (PMDB), a oposição se colocava contra a nova moeda por causa da eleição; e para a oposição, o governo estaria acelerando o processo de forma apressada por causa do pleito que ocorreria no final do ano.
Aprovada no Congresso Nacional, a implementação se deu em três etapas. No primeiro momento, foi necessário equilibrar as contas públicas, com redução de despesas e aumento de receitas. Em seguida foi criada a URV (Unidade real de valor), com o intuito de preservar o poder de compra, evitando medidas radicais, como confisco de poupança e quebra de contratos. Por fim, na última etapa, foi lançado e começou a circular o real.
Segundo o Banco Central a inflação chegou a 4.922% em junho de 1994, pouco antes do lançamento do real. Já no ano seguinte, em 1995, atingiu o patamar de 22%. Para que isso fosse possível, foi necessário fazer ajustes fiscais, limitar os gastos, aprovar uma lei de responsabilidade fiscal, – aprovada em 2000 – privatização de estatais deficitárias e submeter o mercado nacional a uma abertura comercial.
Por ter sido aplicado em etapas e contar com o apoio da mídia na divulgação, quase didática, a assimilação foi algo que ocorreu de forma natural. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), afirmou em nota comemorativa aos 25 anos de criação do plano, que “sem muita explicação, verbo, liderança e apoio da mídia não se consegue o principal, que é convencer, ou seja, vencer junto tanto com as cúpulas político-tecnocráticas como, principalmente, junto com o povo.”
A economia brasileira convive com estabilidade de preços desde a implementação do real como moeda única. Mesmo em momentos de crises internacionais e internas, foram poucas as vezes que a inflação ultrapassou a marca dos 9%, no acumulado de 12 meses. Além disso, a adoção do regime de metas ajuda tanto o gestor, quanto a população a ficarem atentos quando a meta inflacionária ficar fora do indicado.
Confira mais detalhes no infográfico abaixo:

Em Pernambuco:
André Régis registra aniversário de 25 anos do plano real

O vereador André Régis (PSDB), destacou a data afirmando que, “O presidente Itamar Franco, junto com o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, reuniram uma equipe de qualidade. Economistas que tinham a experiência do fracasso do passado. A economia se recuperou com o Plano Real, e deu início a uma nova fase econômica sem hiperinflação.”
O pronunciamento foi realizado na tarde desta segunda (1), no plenário da Câmara do Recife. O parlamentar ressaltou que os problemas que pareciam não terem soluções foram superados, e completou a fala afirmando que “hoje vivemos novamente um período de dificuldade econômica, mas a experiência do Plano Real mostra que temos material humano e capacidade intelectual de fazer com que o Brasil supere.”
Por: Douglas Hacknen – Recife