Professores de São Bento do Una cobram judicialmente piso salarial retroativo de 2023

Prefeitura enfrenta processo por não pagar valores referentes ao piso nacional do magistério; gestão pública é questionada por má utilização de recursos do Fundeb.

 Professores de São Bento do Una cobram judicialmente piso salarial retroativo de 2023 Prefeitura enfrenta processo por não pagar valores referentes ao piso nacional do magistério; gestão pública é questionada por má utilização de recursos do Fundeb.

Foto: Divulgação

A Prefeitura de São Bento do Una se recusa a pagar os valores retroativos referentes ao piso salarial nacional dos profissionais do magistério dos meses de janeiro a setembro de 2023. O pagamento do piso é previsto em lei e regulado por portarias do Ministério da Educação, para garantir os recursos, o Governo Federal repassa aos municípios o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), que pode ser usado para remuneração os profissionais da educação.

No ano de 2023, o Município rompeu com uma tradição de mais de 11 anos. Desde 2012, a lei para reajustar os vencimentos era aprovada e valia para o ano todo. Porém, em 2023 foi a primeira vez que um gestor escolheu não pagar os valores retroativos a 1º de janeiro. Não houve acordo por parte da Prefeitura municipal, e o prejuízo recaiu sobre os professores e demais profissionais do magistério.

Um grupo de profissionais foi obrigado a acionar a justiça para fazer valer os seus direitos. São cobrados mais de R$ 93 mil verbas em atraso. O processo de nº 0002032-81.2023.8.17.3280, ainda aguarda decisão. A Prefeitura já se manifestou na última semana, em sua defesa, requereu que foi declarada a nulidade do reajuste de 14,95% referente ao piso nacional do magistério, se atendido o pedido pode gerar um efeito cascata, obrigando a todos os profissionais a devolverem todo o aumento recebido no ano passado.

Questiona-se: por que o Município se recusa a pagar os valores que são devidos aos profissionais? Talvez uma educação de qualidade não seja prioridade para quem está atuando na Secretaria.

Enquanto há essa briga judicial e o risco iminente para todos os profissionais, a Educação do Município de São Bento do Una “respira por aparelhos”, com notícias diárias de escândalos de desvios de verbas. Sabemos para onde a Prefeitura prefere destinar as verbas do Fundeb: quase R$ 1 milhão desse fundo foi utilizado para a compra de veículos de passeio, pagamento de festas, e multas de trânsito.

Recentemente, foi revelado que outros R$ 896 mil foram utilizados para compra de imóvel da antiga AABB em 2021, a promessa era de transformá-lo em um Centro de Eventos Educacionais. Já se passaram quase três anos, a realidade é a de que se transformou em um grande cemitério de cadeiras e depósito de lixo.

Além disso, registra-se que está sob investigação o contrato de R$ 2.7 milhões, destinado à compra de 200 kits de robótica para as escolas de São Bento do Una. Mais de meio milhão de reais já foi pago à empresa, mas até o momento não há notícia da entrega dos produtos.

No caso de São Bento do Una, a não conformidade com o pagamento do piso salarial dos professores levanta questionamentos sobre a má gestão dos recursos públicos. A falta de transparência e de diálogo com os servidores afetados agrava ainda mais o clima político e social do município.

Em São Bento do Una, a luta dos professores pelo direito ao piso salarial continua, enquanto o município vive sob a falta de diálogo e gestão. É crucial que, em momentos como este, tanto a sociedade quanto as autoridades atuem para garantir que a verdade prevaleça, e que direitos adquiridos, como o piso salarial dos profissionais da educação, sejam respeitados.

Céu Albuquerque

Engenheira Civil em Segurança do Trabalho, especialista em Orçamentação, Planejamento e Controle na Construção Civil, Jornalista e Fotógrafa.

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