A moda e a conscientização dos direitos humanos.

Danielle Farias Janguiê
Tema polêmico e atual é a questão da discriminação por raça, os negros que há muito tempo são segregados em diversos países, sofreram mais um episódio que chocou o mundo e deu voz à luta eterna de igualdade de direitos sem discriminação de cor. Não entrarei no assunto em si, por tratar-se de conhecimento público, a morte de um senhor negro por policiais brancos em Minneapolis, nos EUA. Fato corriqueiro se não tivesse sido brutal e filmado por dois jovens que lançaram na internet. O caso teve repercussão mundial e reacendeu a briga pelos direitos humanos. Mas o qual a relação que esse caso tem com a moda?
De um lado, (falsos) manifestantes invadiram e depredaram a famosa loja Macy’s da Rua 34 em Nova York. Os verdadeiros manifestantes, que protestavam com cartazes e palavras de ordem, tentavam, em vão, impedir. A questão é sempre social, econômica, e traz consigo desordeiros fantasiados de protestos. O que vemos é um cenário que não acaba nunca, enquanto a consciência coletiva não se pronunciar. Mas e a moda? No momento em que a pandemia se instala e a população mundial fica à flor da pele, um conflito desses gera uma desordem de proporção catastrófica, caso não haja um posicionamento. Não se aceita mais que se fique em cima do muro. Marcas conhecidas como Nike publicaram mensagens contra o racismo, a qual foi repostada pela Adidas, sua concorrente direta, que publicou com o texto “juntos é que vamos pra frente, juntos é que fazemos mudança”. Outras marcas como Underarmour e Reebok também se posicionaram contra o racismo. E o que muda?
A conscientização das marcas como brand, se posicionando em lutas seculares quando antes abstinham-se de falar no assunto, começa a mudar a partir de denuncias da utilização de trabalho escravo pela Zara que sofreu boicote mundial quando veio à tona, e com esse episódio Floyd (vamos chama-lo assim) empurra as grandes marcas a comentarem e se posicionarem. Inclusive, muitos repostaram que quem não se posiciona numa situação de abuso, está do lado do abusador. A questão leva a moda à um patamar mais alto, de consciência e relevância. Como dissemos em outro artigo, o novo normal vai ser o sustentável, ecológico e consciente. Marcas que não se posicionarem como apoiadora das causas de direitos humanos por exemplo, sofrerão as consequências do banimento nas redes, o que as torna, nesse cenário de pandemia, extremamente vulneráveis. Não há mais espaço para neutralidade, agora a luta é de todos. Os direitos humanos se sobrepõem ao luxo e agregam valor ao glamour. Algumas marcas se pronunciaram, outras estão se organizando para promover alguma espécie de declaração, mas acreditamos que a maioria vai se posicionar.
Não é algo pra se deixar passar, essa luta é secular, e não será esquecida tão rápido. Agora todos tem uma arma na mão, uma câmera e um tweet, o que simplesmente se precisa para colocar em xeque a notoriedade de uma marca como sendo defensora dos direitos humanos, ou apoiadora do racismo. Como diz o velho ditado, quem cala, consente. Esperamos ansiosos pelo pronunciamento de outras grandes marcas mundiais, na certeza de que não tardarão.