Audiência Pública Discute Criação da Cidade da Cultura Popular no Bairro de São José

 Audiência Pública Discute Criação da Cidade da Cultura Popular no Bairro de São José

Foto: Divulgação

Um espaço perene no bairro de São José para que os artistas locais possam preparar e realizar suas apresentações, seja no Carnaval, no ciclo junino ou em qualquer outro período do ano. Essa é a Cidade da Cultura Popular, ideia gerada a partir de debates ocorridos na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e que foi tema de discussão em uma audiência pública promovida pela Câmara do Recife nesta terça-feira (18). O evento partiu da iniciativa do vereador Ivan Moraes (PSOL) e reuniu representantes da cultura popular, da Unicap e da gestão da cultura nas esferas municipal, estadual e federal.

Segundo Moraes, a oportunidade de criar a Casa da Cultura Popular surge de uma conjunção de fatores, incluindo a intervenção urbana em áreas de acesso público que deve ocorrer na imediação do Cais José Estelita, em São José. No início de junho, a Prefeitura anunciou que conseguiu acrescentar a essa área, por meio de negociações com órgãos do Governo Federal, mais 50 mil metros quadrados advindos do antigo pátio ferroviário do local. Adicionalmente, a obra deve contar com recursos provenientes das ações mitigadoras do Novo Recife, projeto imobiliário privado em construção no local.

Hoje nós temos um projeto de uma ideia da criação da Cidade da Cultura Popular, que foi realizado em parceria com a Universidade Católica e representantes de diversos brinquedos da cultura popular aqui da nossa cidade e que pretende construir essa Cidade numa área que já é pública, que já pertence à Prefeitura, e parte dela que pertence ao Governo Federal e que está vindo para a Prefeitura. E a gente tem a perspectiva de um recurso negociado pela Prefeitura junto com a empresa que está construindo a obra no Cais José Estelita. Então a gente tem todos os elementos necessários para que essa cidade da cultura popular vire realidade”, resumiu o parlamentar. 

Moraes adiantou que há chances de que a Cidade opere já no ciclo carnavalesco de 2025, com as obras de criação de uma alameda entre a avenida Dantas Barreto e o Cais José Estelita. Concretamente, as autoridades e grupos de cultura popular saíram da audiência com o compromisso de participar de reuniões para debater a possibilidade do projeto. 

Já há uma possibilidade, indicada pela universidade, de que no ano que vem o desfile [das agremiações] já aconteça no final ou no começo da avenida Dantas Barreto, quando ela vai se encontrar com o curso d’água”, explicou. “O encaminhamento mais importante que a gente tirou hoje foi a criação de um grupo de trabalho em que o Recentro, o Instituto Pelópidas Silveira, o Conselho Municipal de Cultura, a Secretaria de Cultura, a Fundação de Cultura, o nosso mandato e a Universidade Católica, além dos brincantes, vão se reunir quantas vezes forem necessárias para que esse projeto possa virar realidade”.

A coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicap, Paula Maciel, explicou como ocorreu o processo de idealização da Cidade da Cultura Popular. “Nós fomos procurados pela Liga da Cultura Popular, trazendo essa necessidade deles de encontrarem um espaço na cidade, para ser o espaço da cultura popular. E aí nós propusemos a realização de um workshop com alunos e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo. Uma conversa, tendo como primeiro como ponto de partida a escuta de todos os representantes da cultura popular”, relatou. “A partir disso, nós fizemos grupos de trabalho com alunos e professores para estudar propostas de ocupação de território – primeiro de tudo, a identificação do território. E foi aí que nós identificamos o bairro de São José como esse local que tem uma vocação natural pela sua história para abrigar, para ser a Casa da Cultura Popular”.

A professora demonstrou confiança no acolhimento da ideia pelas autoridades e frisou que já existe uma solução para que ela aconteça já no próximo Carnaval. “Foi uma alegria muito grande para a gente perceber o acolhimento das diversas esferas municipal, estadual e federal dessa proposta”, afirmou. “A partir de agora a gente vai começar a avançar, a entrar em questões mais específicas do território, para encaminhar o quanto antes para que isso possa se tornar uma realidade. E nós temos, sim, uma proposta para o Carnaval de 2025”.

De acordo com o gerente geral de gestão e projetos especiais da Secretaria de Cultura do Recife, Dado Sodi, o Poder Executivo municipal participará do diálogo sobre a destinação da área no bairro de São José. “Vamos concluir e vibrar positivamente para que a melhor proposta seja aceita, seja desenvolvida. Eu acho que todo mundo aqui estava com um objetivo em comum e com um desejo, um sonho em comum. Então, a nossa intenção é continuar nesse diálogo, nessa coletividade para encontrar o melhor caminho e as melhores resoluções.” 

O diretor de Promoção das Culturas Populares do Ministério da Cultura, Sebastião Soares, elogiou o debate promovido na Câmara do Recife. “Acho que momentos como este são uma condição sine qua non para ampliar, alargar o debate e a reflexão em torno das políticas públicas voltadas às culturas populares e tradicionais. As culturas populares e tradicionais são responsáveis pela nossa identidade nacional”, disse. “A Câmara Municipal do Recife traz um debate de tal monta que eu acho que pode, inclusive, alertar o país como um todo a fazer audiências assim como esta para que a gente possa nos fortalecer em torno de uma política adequada para as culturas populares tradicionais”.

Também participaram da audiência o secretário de Economia Criativa e Fomento Cultural do Ministério da Cultura, Henilton Parente de Menezes; a gerente-geral de Preservação do Patrimônio Cultural do Instituto Pelópidas Silveira, Larissa Menezes; a gerente de ativação do Gabinete do Centro do Recife (RECENTRO), Larissa Maynara Cruz; a gerente de políticas culturais da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Wanessa Santos; o arquiteto e urbanista Lula Marcondes; a assessora do gabinete do vereador Ivan Moraes, Carol Vergolino; e representantes de grupos e associações de cultura popular.

Céu Albuquerque

Engenheira Civil em Segurança do Trabalho, especialista em Orçamentação, Planejamento e Controle na Construção Civil, Jornalista e Fotógrafa.

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