Câmara Municipal de Recife Celebra 50 Anos do Movimento Hip-Hop com Solenidade e Homenagens

 Câmara Municipal de Recife Celebra 50 Anos do Movimento Hip-Hop com Solenidade e Homenagens

Foto: Divulgação

Para homenagear os 50 anos do surgimento do movimento hip-hop e de suas expressões na poesia e na música (o rap), na pintura (o grafite) e na dança (o break), a vereadora Cida Pedrosa (PCdoB) realizou reunião solene na noite desta quinta-feira (13), quando o plenário e as galerias da Câmara Municipal ficaram superlotados de jovens que são adeptos das chamadas cultura da periferia e da arte urbana. Centenas de rappers, artistas plásticos e poetas receberam certificados das mãos da parlamentar que é uma incentivadora deste movimento cultural popular, na Casa de José Mariano.

A solenidade foi presidida pelo vereador Ivan Moraes (PSOL), que compôs a mesa com a autora da proposição; com o representante do Grupo de Trabalho (GT) de Facilitadores da Cultura Hip-Hop de Pernambuco, DJ Big, Anderson Santos; a grafiteira Jouse Barata; a representante do GT de Facilitadores da Cultura Hip-Hop de Pernambuco, Marília Ferro; a gerente de Educação e Direitos Humanos da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, Nathalia Cavalcanti dos Santos, representando a secretária Cacau de Paula; a secretária de Inovação Urbana da Prefeitura do Recife, Flaviana Gomes e o gerente geral de Ações Culturais e Formação, Mário Jarbas, representando o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo.

No discurso de saudação, Cida Pedrosa disse que, para ela, estar diante do plenário ocupado pela massa produtora do Hip-Hop “é uma realidade resultante do trabalho incansável de todos e de todas: DJs, dançarinos, bailarinos, produtores e produtoras, profissionais das artes técnicas, MC’s, grafiteiros, poetas, ativistas. E é histórico. Olhem para os lados e se observem, reconheçam-se em seus pares. Isso é lindo demais. Juntos e juntas seremos mais fortes. Cada pessoa aqui é uma fortaleza, mas é no coletivo que a gente vai conseguir avançar. Quando a sociedade civil se junta e se organiza na sua luta não tenham dúvidas, as conquistas e os avanços surgirão com muita potência. O isolamento e a discórdia não constroem o futuro. O que apresenta futuro é a luta organizada em coletividade. E vocês, juntos e juntas, estarão muito mais fortalecidos em uma cidade como o Recife”.

A vereadora disse que o seu mandato trabalha para que o Movimento Hip-Hop “ocupe o seu lugar de direito, continue se espraiando pela cidade em todas as suas centralidades políticas, artísticas, estéticas e orçamentárias. Reinventando o conceito de urbanidade, afinal, todo mundo tem direito à cidade”. Cida Pedrosa afirma que na Câmara do Recife tem havido um movimento que reconhece a importância do Hip-Hop, em especial, por estar presente em todos os territórios do município. “Nosso mandato tem buscado ampliar o diálogo com o segmento, sendo uma voz ativa a cada dia. E não há dúvidas que a luta de vocês tem ecoado no âmbito da política municipal”.

Ela rememorou a audiência pública que realizou com os produtores do hip-hop e que geraram uma série de encaminhamentos. Dentre eles, destacou a que está em tramitação, que é “o projeto de lei, de nossa autoria, que declara Patrimônio Cultural Imaterial do Recife o Movimento Hip-Hop. Ele já foi aprovado nas Comissões e deve ser votado aqui neste plenário na próxima semana”. Ainda segundo ela, muitos requerimentos de sua autoria foram aprovados, dentre eles o que determina que a rede Compaz promova iniciativas permanentes para atividades ligadas ao hip-hop e que as linguagens do hip-hop e suas especificidades sejam contempladas nos editais do Sistema de Incentivo à Cultura e demais ações de fomento.

“Também solicitamos que sejam incluídas as linguagens do Hip-Hop e Artes Técnicas no Cadastro Cultural do Recife, para que seja acolhido e incluído nos Ciclos Festivos o Projeto Hip Hop Tá na Casa, pensado e elaborado pelo Grupo de Trabalho do Hip Hop. Ampliar o fortalecimento da linguagem e gerar renda para os fazedores de cultura é um dos nortes do nosso mandato. Solicitamos também que haja a garantia de remuneração de professores das atividades ligadas ao hip-hop nos equipamentos públicos municipais das comunidades, a exemplo das unidades do Compaz. E, por último, que seja criado novo assento no Conselho Municipal de Política Cultural para a linguagem de hip-hop”.

Feminista, Cida Pedrosa saudou as mulheres: produtoras, DJ´s, MC´s, poetas,. “Sabemos bem que parte do movimento ainda é bastante machista e que se não fosse a força e a persistência das mulheres, a roda não se abriria. Quero parabenizar todas vocês e pedir que sigam em suas labutas, acreditem em suas artes. Sigam abrindo caminhos para que outras se juntem, cresçam e fortaleçam o movimento. Não tenham dúvidas, estamos sendo uma voz permanente em resposta à confiança que vocês têm depositado em mim e em nosso mandato”.

A vereadora destacou que é “uma artista que está vereadora” e que conhece por dentro das lutas dos artistas. “A minha luta é na construção de uma cidade mais justa e feliz. Trabalho para a manutenção de uma Cidade com gente feliz. E a Cultura é um dos caminhos”. A solenidade foi dedicada à rapper Preta Iza, que morreu recentemente. Após o discurso, a vereadora Cida Pedrosa convidou todos os homenageados da solenidade  para fotos em frente à mesa de honra da solenidade. Todos eles receberam certificados, antecipadamente, como reconhecimento pela participação em eventos do movimento hip hop no Recife.

O poeta Huelkey Santos recitou um poema e um vídeo de autoria do diretor de Políticas para Trabalhadores da Cultura do Ministério da Cultura, Deryk Santana, foi exibido no telão do plenário. Antes do vídeo, porém, o vereador Ivan Moraes passou a presidência dos trabalhos para a vereadora Cida Pedrosa. Na sequência, o representante do GT de Facilitadores da Cultura Hip-Hop de Pernambuco, DJ Anderson Santos, ocupou a tribuna e fez suas colocações.

Eu quero dividir a fala com Marília, pois combinamos uma fala nossa sobre nossa cultura. Vamos falar sobre o que queremos para o nosso futuro”. Marília ocupou a tribuna e leu um texto de sua autoria dizendo que o Movimento hip-hop é “uma escola da rua, que me formou para a vida. É uma expressão de arte e compromisso social. É a nossa voz”. Ela disse que, no hip-hop, os ativistas se colocam como “agentes ativos das mudanças que nós mesmos propomos”. Ao retomar a palavra, o DJ Anderson Santos relatou uma breve história do movimento em Pernambuco e disse que agradecia pela realização da reunião solene, mas lamentou que o Estado “nunca reconheceu o hip-hop como cultura”. O DJ assegurou que é preciso que as pessoas que compõem o movimento estejam sempre juntas e unidas.

Quem também dividiu o microfone, na sequência, foram a secretária de Inovação Urbana da Prefeitura do Recife, Flaviana Gomes e o gerente geral de Ações Culturais e Formação da Secretaria Municipal de Cultura, Mário Jarbas. Flaviana Gomes falou da atuação e conexão da gestão com a arte do grafite. Ela disse que o gabinete do qual faz parte “vem realizando megamurais, transformando fachadas de edifícios em obras de arte. É a inserção da arte urbana e sete já foram entregues na cidade. Na próxima semana estaremos entregando outros dois”. Ela também disse que já realizou cerca de 30 oficinas para os jovens e que, no ano passado, foi realizada a Exposição Expocolorindo, que contou com 70 obras.

O gerente geral de Ações Culturais e Formação da Secretaria Municipal de Cultura, Mário Jarbas, disse que é um desafio estruturar uma política cultural para o hip-hop, pois se trata de uma expressão tem vários segmentos. “É complexo estruturar uma política cultural pois é preciso levar em consideração todas as linguagens”. Ele disse que a gestão tem buscado fazer a ampliação de recursos para reforçar as políticas; durante a pandemia adotou editais para o Recife, Incluído o Recife Virado, voltados para a periferia e falou ainda de festivais que têm aberto espaços para as diversas linguagens. “Nós publicamos o desenho de aplicação de recursos da Lei Aldir Blanc que, em cinco anos, terá R$ 2 milhões para a cultura de periferia e desse valor, a metade será para a cultura hip-hop”.

A gerente de Educação e Direitos Humanos da Secretaria de Cultura do Estado de Pernambuco, Nathalia Cavalcanti dos Santos, disse que a pasta se coloca à disposição para o diálogo com o movimento. Ela garantiu que dentro do edital da lei Aldir Blanc será lançado, pelo Governo do Estado, um edital de premiação e outro de fomento para a cultura hip-hop. A grafiteira Jouse Barata foi a última a falar e disse que “hip-hop é paz, amor, união e diversão”. No final da solenidade, a vereadora Cida Pedrosa fez as suas considerações e convidou a todos os presentes para que, em posição de respeito, ouvissem e acompanhassem o Hino da Cidade do Recife.

Céu Albuquerque

Engenheira Civil em Segurança do Trabalho, especialista em Orçamentação, Planejamento e Controle na Construção Civil, Jornalista e Fotógrafa.

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