Cancelamentos, atrasos, desinformações
Voar pela Companhia Aérea Cabo Verde Airlines (TACV) tem sido uma opção mais barata para quem quer chegar à Europa, partindo do Brasil, ou a outros destinos internacionais, como Estados Unidos. No entanto, a empresa, que até bem pouco tempo operava apenas com um Boeing e dois ATR, face aos atuais seis Boeing da Cabo Verde Airlines, ainda tem demonstrado incapacidade para transportar os passageiros conforme regulamentos e padrões internacionais.
Relatos de cancelamento de voos, atrasos injustificáveis, cobranças indevidas de bagagem de porão e falta de informações aos clientes têm sido frequentes e assustado quem opta por este serviço aéreo. No fim de semana do dia 30 de janeiro, passageiros de várias regiões do Brasil que iam para a Europa levaram um susto ainda na saída do país. De última hora, a companhia fez conexões em outras cidades brasileiras. E para piorar, cancelou voos na chegada ao aeroporto da Ilha do Sal, na África.
A técnica judiciária Tamara Mayer de Sá programou uma viagem em família (ela, o marido e dois filhos) para Europa. Comprou passagens com seis meses de antecedência, reservou hotéis em várias cidades europeias e bilhetes de atrações turísticas. E quase viu o sonho virar pesadelo.
“Era nossa primeira viagem ao continente europeu, já tínhamos todo o roteiro definido. A previsão era chegar à Lisboa no dia 31/02, às 13h35. No dia 02/02 já tínhamos reserva de carro e hotel na cidade do Porto, e no dia 05/02, seguiríamos para Londres”, informou Tamara, que mora em santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.
Ela conta que ao perceber o tumulto no guichê do aeroporto de Cabo Verde se dirigiu a uma atendente, ao que foi comunicada sobre o cancelamento do voo sem previsão de embarque. “Na hora ficamos arrasados. Meus filhos chorando. Eu tinha pesquisado sobre a companhia aérea antes de comprar, mas vi muitos relatos que tinham melhorado”, argumentou.
No local, muitos outros passageiros com destino a cidades como Milão e Roma, por exemplo, também tiveram que deixar o aeroporto inconformados. Os grupos foram separados e levados a um hotel pela companhia, onde aguardaram notícias de reembarque. O grupo que seguia com Tamara embarcou ao seu destino no início da tarde do dia seguinte.
Nossa reportagem seguia no voo e registrou todos os problemas. Na semana do embarque, teve aviso de alteração na conexão. No guichê do Aeroporto Internacional do Recife/Guararapes, foi informada de que deveria comprar uma nova bagagem de porão, mesmo tendo o voucher e contrato de compra anterior. O valor cobrado e pago foi de 150 dólares.
ESTRATÉGIA: A Cabo Verde Airlines passou por um processo de reestruturação, depois de ter sido proibida de voar para alguns destinos internacionais, tendo o Governo cabo-verdiano assinado com o grupo islandês Icelandair um contrato de gestão, de forma a preparar a empresa para a privatização. A companhia se encontrava com dificuldades financeiras, com capitais próprios altamente negativos, e em falência técnica há quase duas décadas. O passivo acumulado passava de 90 milhões de euros.
A estratégia de desenvolvimento do transporte aéreo da TACV, com o hub na Ilha do Sal foi um refresco e trouxe esperança de aumentar o tráfego, o número de passageiros e trazer impacto positivo para o País em termos de crescimento econômico e emprego. A reportagem procurou a empresa Cabo Verde Airlines, por meio do Marketing do escritório de Cabo Verde, e do escritório em Lisboa, mas até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.