Conheça os homenageados do 14º Festival de Cinema de Triunfo
O 14º Festival de Cinema de Triunfo já tem seus homenageados escolhidos. Eles serão a camareira, figurinista e atriz Mauricéa Conceição, o lendário programador do Cinema São Luiz Geraldo Pinho (in memoriam) e o músico, ator e compositor Jr. Black (in memoriam). Suas trajetórias e contribuições para a cena audiovisual pernambucana ter a força que tem serão celebradas no encerramento do festival, em 2 de setembro.
Mauricéa Conceição é um patrimônio do audiovisual pernambucano e nacional. Realizou trabalhos como camareira, atriz, figurinista e figurante. Seu nome está creditado em filmes como O Bem Amado (Guel Arraes); Aquarius e O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho); Cinema Aspirina e Urubus (Marcelo Gomes); Lula Filho do Brasil (Fábio Barreto); Gonzaga, de Pai pra Filho e Entre Irmãs (Breno Silveira); Tatuagem (Hilton Lacerda); Lucicreide vai pra Marte (Rodrigo César), Divino Amor (Gabriel Mascaro).
As grandes marcas de sua trajetória são seu profissionalismo, simpatia e generosidade nos sets de cinema que passou em Pernambuco e país afora, sendo apelidada de “mãe” pela cena local. A homenagem a Mauricéa celebra sua caminhada, mas também se estende a todos os profissionais do audiovisual que trabalham por trás das câmeras e muitas vezes são invisibilizados diante do grande público.
“Recebo essa homenagem com muita gratidão e consciência de que trilhei o caminho certo. A importância disso é muito grande, com a oportunidade de tirar do anonimato profissionais que estão dedicando grande parte de suas vidas ao audiovisual, mas que na maioria das vezes não são reconhecidos ou valorizados dignamente. Essa homenagem não considero só minha, mas de todos os profissionais com quem trabalho e recebo ensinamentos diariamente. Em tempos de tantos questionamentos sobre etarismo, racismo e machismo, estou eu, Mauricéa, idosa, negra, mulher sendo vista como referência de profissional”, declara a homenageada.
Geraldo Pinho foi um dos grandes guardiões do acesso ao cinema democrático e plural em Pernambuco. Seus dez anos (2011-2021) à frente da programação do Cinema São Luiz foi emblemática, responsável por uma formação de público importante nos últimos tempos, sempre oferecendo a oportunidade de entrar em contato com produções locais e nacionais, além de abrigar importantes festivais de cinema, sempre de forma acessível.
Geraldo nasceu em Santos, São Paulo, mas se mudou ainda criança para o Recife. Na infância, começou a frequentar cineclubes e, pouco mais tarde, se tornou espectador assíduo das sessões de Cinema de Arte, promovidas por Fernando Spencer e Celso Marconi nas salas do Recife. Antes do São Luiz, Geraldo foi programador de espaços como o cinema do Teatro do Parque e o Cineteatro Apolo. Também foi coordenador do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe). Ele faleceu em novembro de 2021.
“Triunfo reabriu o Theatro Cinema Guarany com muito esforço e dedicação dos envolvidos e dele também. Ficamos muito lisonjeados pela homenagem. Nada mais justo por quem sempre fez pelos cinemas, em todos os aspectos. Quando começaram a conversar sobre a reabertura de cinemas de rua, e principalmente no interior do estado, ele ficou muito feliz devido à importância destas salas. O empenho dele para que tudo funcionasse sem contratempos, com a melhor tecnologia, propiciando a melhor experiência em termos de imagem, som e conforto ao público, era descomunal. O reconhecimento reforça a importância do trabalho de pessoas como ele para a preservação e manutenção dos cinemas de rua e das produções audiovisuais de Pernambuco, além de festivais nacionais e internacionais que são exibidos”, declara Leonardo Pinho, filho de Geraldo.
Natural de Garanhuns e mais conhecido como cantor e compositor, Jr. Black produziu cinco discos e parcerias com artistas como China, Dado Villa-Lobos e DJ Dolores. Ele teve intensa atuação no audiovisual, em filmes, séries, animações e publicidades, ora como ator, cantor, locutor, dublador, tendo participado de filmes como Tatuagem, Bacurau, Recife Frio e Paraísos Artificiais.
No filme Bacurau interpretou o DJ Urso, um locutor de carro de som. Jr. Black também integrava o Reverbo, um importante coletivo de artistas locais, ao lado de nomes como Flaira Ferro, Juliano Holanda, Igor de Carvalho, Martins, Larissa Lisboa e PC Silva. Foi integrante e vocalista da banda Negroove no final dos anos 1990.
“Eu me sinto muito feliz e grata pelo reconhecimento do trabalho de Jr. Black que foi incansável na sobrevivência pela arte. Um multiartista cheio de talento e ousadia, que começou sua carreira como músico e foi desmembrando seus talentos, atuando desde a música até o cinema, com participação em vários filmes, propagandas, séries e diversos jingles de marketing. Ele deixa um legado de sua arte sagaz, um personagem imortal em nossos corações e um pai que me ensinou a amar acima de tudo”, declara Celinha, produtora cultural, companheira e amiga de uma vida de Black, mãe de Francisco, Theo e Elis, filhos do homenageado.