DPU questiona governo sobre apostas online e proteção de beneficiários do Bolsa Família Relatório do Banco Central aponta alto comprometimento da renda com “bets” entre beneficiários do programa.
Relatório do Banco Central aponta alto comprometimento da renda com “bets” entre beneficiários do programa.
A Defensoria Pública da União (DPU), por meio de ofício, requisitou informações ao Ministério da Fazenda e ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome sobre as providências que estão sendo tomadas, ou em estudo, para proteger beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas online nas plataformas conhecidas como “bets”. O pedido foi encaminhado no dia 26 de setembro.
A atuação da Defensoria foi motivada por relatório do Banco Central do Brasil, produzido a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM), o qual mostra o significativo comprometimento de renda de beneficiários do programa com esse tipo de aposta. Os números indicam um gasto de R$ 3 bilhões em “bets” por esse público no mês de agosto, o que corresponde a 20% do total desembolsado pelo governo federal com o Bolsa Família no mesmo período (R$ 14,1 bilhões).
“O Bolsa Família se destina a famílias em contexto de insegurança alimentar e nutricional. Portanto, o objetivo do pedido de informações é identificar medidas que resguardem os beneficiários dos riscos sociais e econômicos decorrentes da condição de apostador”, apontam os defensores que assinam o documento. O Banco Central destaca, no relatório, que “é razoável supor que o apelo comercial do enriquecimento por meio de apostas seja mais atraente para quem está em situação de vulnerabilidade financeira”.
O ofício da DPU também pede a relação dos pedidos de outorga de autorização e das autorizações já deferidas às empresas que pretendem explorar atividades de apostas de quota fixa. O documento é assinado pela defensora nacional de Direitos Humanos, Carolina Castelliano; pelo defensor regional de Direitos Humanos no Distrito Federal, Eduardo Nunes de Queiroz; e pela coordenadora da Câmara de Coordenação e Revisão Cível da DPU, Maíra Mesquita.
Os ministérios têm prazo de dez dias para responder ao ofício. Confira aqui o documento na íntegra.