Homem condenado por tráfico de órgãos será extraditado para o Recife

 Homem condenado por tráfico de órgãos será extraditado para o Recife

Ex-oficial Gedalya Tauber estava foragido desde 2009 e foi preso em um aeroporto em Roma, em 2013. (Foto: Polícia Federal/Divulgação

Gedalya Tauber estava foragido desde 2009 e foi recapturado em 2013.
Pernambucanos foram aliciados por ele para doar o rim.

Policiais federais de Pernambuco foram enviados para Roma, na Itália, para escoltar para o Recife o ex-oficial do Exército israelense Gedalya Tauber, de 78 anos, acusado de tráfico de órgãos. Ele cumpria pena no Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife, e conseguiu da Justiça em Pernambuco uma autorização para deixar o presídio e viajar por 30 dias. Ele ficou foragido desde 2009 e só foi recapturado em 2013.
O homem é considerado líder de uma organização criminosa que, a partir de 2002, conseguiu aliciar por volta de 30 brasileiros de bairros pobres do Recife e do interior de Pernambuco para venderem os próprios órgãos. As vítimas eram levadas para a África do Sul, onde pacientes israelenses aguardavam por rins transplantados ilegalmente. A previsão é de ele que retorne à capital pernambucana no dia 2 de agosto.

Gedalya Tauber foi preso durante a operação Bisturi, que começou em março de 2003 e teve nove meses de duração. O objetivo da ação era desarticular uma quadrilha de traficantes de órgãos. As vítimas assinavam uma declaração falsa afirmando que quem estava recebendo o órgão era um parente. Cada cirurgia gerava uma indenização de US$ 150 mil, valor que era dividido entre a quadrilha. Os integrantes do grupo chegavam a faturar 20 vezes mais do que os brasileiros que doavam o órgão.

O ex-oficial recebeu uma pena de 11 anos e nove meses de prisão, depois reduzida para oito anos e nove meses. Quando foi considerado foragido, ainda tinha que cumprir quatro anos e nove meses da pena. Ele foi preso quando tentava embarcar no aeroporto de Fiumicino, em Roma. Os policiais desconfiaram do passaporte e descobriram que ele era foragido. Segundo a Polícia Federal, o Governo do Brasil fez um pedido ao Governo da Itália para que o ex-oficial fosse extraditado para vir cumprir a pena no país, assim que soube da prisão.

Um delegado e um agente da Interpol de Pernambuco ficaram responsáveis por acompanhar o homem, que será conduzido para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Ele ficará à disposição da 1ª Vara Regional de Execução Penal, a cargo do juiz Luiz Gomes da Rocha Neto.
Segundo a Polícia Federal, ele teve autorização para viajar por 30 dias para Israel e descumpriu com o benefício. “Por ele ter desobedecido o benefício, foi considerado foragido em 2009. Por causa disso, não será concedido mais nenhuma nova saída para ele aqui em Pernambuco, mas a pena por causa do descumprimento não deve aumentar”, explica o chefe de Comunicação da Polícia Federal, Giovani Santoro.
O caso
Um total de 12 pessoas foram presas no Brasil, consideradas as aliciadoras dos doadores. Em Israel, duas pessoas foram presas por fraudarem o sistema de saúde do país para que as cirurgias fossem realizadas. Na África do Sul, 20 médicos e enfermeiros que faziam os procedimentos cirúrgicos também foram presos.
Ao fim da investigação, foi constatado que 47 pessoas haviam sido levadas para o Hospital Sant Agostini, em Durban, na África do Sul, para fazer a retirada dos rins. Elas recebiam em torno de R$ 5 mil a R$ 30 mil em cada procedimento. A estimativa da Polícia Federal é que a quadrilha desviou, aproximadamente, US$ 4 milhões com as cirurgias.
Por: David Marques
Fonte: G1
 

 

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