Instituto que atende diabéticos corre risco de perder sede no Recife

 Instituto que atende diabéticos corre risco de perder sede no Recife

A aposentada Zenilda Melo diz estar insatisfeita com a mudança de endereço do Ibradi

Imóvel no Pina, na Zona Sul, foi vendido pelo governo e organização sem fins lucrativos precisa fazer mudança para o Cordeiro, na Zona Oeste.

O Instituto Brasileiro de Diabetes (Ibradi), associação sem fins lucrativos fundada em 2005, oferece tratamento gratuito a pacientes que precisam de acompanhamento, mas não conseguem atendimento na rede pública. Localizada no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, a instituição recebe, mensalmente, cerca de 100 pacientes, porém terá que mudar de endereço após o espaço ter sido vendido pelo governo.

A alternativa apresentada pela administração estadual é a transferência para o Parque de Exposições do Cordeiro, na Zona Oeste da cidade, o que tem preocupado os pacientes, que reclamam da distância do novo endereço e da falta de condições de atendimento.

A aposentada Zenilda Melo lamenta a possível mudança de local. “Esse atendimento é muito importante. Deus me livre ver isso aqui desocupado. Tirar esse posto daqui é uma tristeza”, afirma.

Presidente do instituto no estado, a endocrinologista Geísa Macedo conta que descobriu que o imóvel foi vendido ao tentar renovar o acordo de concessão do espaço com o governo do estado.

“O local proposto é um lugar com alto nível de contaminação. Os diabéticos descontrolados têm a imunidade diminuída e ficam ainda mais sujeitos a infecções. Estamos muito preocupadas com saída, por deixar essa comunidade toda desassistida. Não existe nenhum serviço que faça isso”, diz Geísa.

Quando o espaço foi cedido pelo governo do estado, há 14 anos, tudo que havia no local era um prédio abandonado, em condições precárias. Foi necessária uma reconstrução com o esforço de voluntários, mas o governo estadual afirma que o instituto foi responsável apenas pela manutenção do espaço.

Com o serviço consolidado, a mudança de local surge como uma ameaça aos pacientes e profissionais que trabalham voluntariamente no instituto.

É o caso, por exemplo, da funcionária pública Aline Nascimento, que sofre com a doença crônica há 12 anos. Para evitar consequências graves, que podem levar à cegueira e amputação dos pés, ela procurou atendimento no instituto.

“Eu já tentei atendimento na rede pública e não consegui, por vários motivos. Só aqui eu encontrei apoio. Eu não consegui atendimento durante um ano, procurando médico para me passar uma receita”, relembra.

Enquanto o impasse está na Justiça, o número de pacientes que precisam do Ibradi aumenta. Diante disso, a presidente do instituto afirma esperar pela sensibilização do estado quanto aos impactos da possível mudança de endereço.

“É uma pena que uma coisa dessas possa ter a possibilidade de morrer, quando o próprio governo precisa de serviços como esse”, enfatiza Geísa.

Resposta do governo

Por meio de nota, a Secretaria de Administração de Pernambuco informou que o espaço foi cedido ao Ibradi em 2005, pelo prazo de dez anos. Uma vez cumprido esse período, foram oferecidos vários imóveis para acomodar as instalações do instituto, de acordo com a pasta, que também ressaltou que não houve por parte do Ibradi nenhum reparo no imóvel, apenas a manutenção.

A nota diz, ainda, que a direção do instituto não descobriu que o imóvel foi parte de transação feita pelo governo do estado, pois foi comunicada pela secretaria antes do fim da cessão, quando começaram as negociações para a mudança da sede.

Em relação à última tentativa de negociação da transferência para o Parque do Cordeiro, a pasta afirma que o Ibradi não aceitou a ideia e que a administração estadual não dispõe de nenhum imóvel na Zona Sul do Recife, mas está à disposição para viabilizar da melhor forma possível uma nova sede para o instituto.

Edição:Robson Ouro Preto

robsonouropreto

Related post

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *