No Dia Mundial do Banheiro (19), ONG alerta para a falta dele no nordeste brasileiro

A organização Habitat para a Humanidade Brasil propõe solução inovadora para a problemática
 No Dia Mundial do Banheiro (19), ONG alerta para a falta dele no nordeste brasileiro

O banheiro de aveloz é um espaço improvisado ao ar livre utilizado pelas famílias da região para suas necessidades. Arquivo Habitat Brasil

De acordo com a SNIS (2018), 25,8% da população nordestina não têm acesso à água e 72% dos nordestinos não têm acesso à rede de esgoto. “Agora me diz, como eu faço pra ter um banheiro em casa nessas condições?”. Essa era a pergunta que tirava o sono e a tranquilidade de Vera.

Vera mora na pequena comunidade de Riacho das Almas (PE) e sua história se assemelha a de milhares de famílias que vivem na zona rural do semiárido nordestino. Onde o acesso a água é escasso e o esgotamento sanitário é praticamente inexistente, o uso de banheiros tradicionais, com torneira, chuveiro e descarga d’água, é incomum na região. Por conta disso, famílias como a de Vera e tantas outras utilizam espaços improvisados ao ar livre para suas necessidades: o banheiro de aveloz.

Estes espaços impõem risco de contágio de doenças, fornecem pouca privacidade e colocam mulheres e crianças em situação de desconforto e risco de violência sexual. Espaços como esses podem ser compartilhados por até 6 famílias. Além disso, como não existe fossa, fezes e urina permanecem expostas proliferando doenças e poluindo o meio ambiente. “Era arriscado, né? A gente ficava com medo de violência, era muito exposto. Também ficava preocupada se não tinha algum bicho por perto. O pior era ver meus filhos saírem a noite no escuro quando precisavam usar o banheiro”, conta Vera.

Buscando solucionar essa problemática, a organização social Habitat para a Humanidade Brasil desenvolveu um projeto piloto de instalação de uma tecnologia revolucionária para a região. No ano passado, 16 famílias do semiárido pernambucano foram beneficiadas com a instalação de banheiros secos, que não utilizam água e não poluem o meio ambiente.

Após um ano utilizando o banheiro, Vera acredita que sua vida mudou muito. “Sou outra pessoa, né. Esse banheiro fez muita diferença. Não sou mais aquela Vera preocupada. É mais simples de usar do que eu imaginava. Esse novo banheiro é limpo, fica sempre cheiroso, é livre de bactérias, é mais confortável e tem paredes de verdade! Eu me sinto muito mais segura de deixar meus filhos usarem esse banheiro e também fico mais tranquila de saber que não estamos nos expondo a doenças”.

Após a instalação dos 16 banheiros, a organização deu início a um acompanhamento junto a essas famílias para garantir o uso adequado e avaliar de perto os reais impactos dessa tecnologia. “Ainda estamos em fase de sistematização dos resultados do primeiro ano do projeto. Uma série de reuniões com representantes do setor público e privado estão sendo promovidas e o relatório final será lançado em janeiro. Mas podemos afirmar que os 16 banheiros seguem em pleno funcionamento e que, de acordo com as famílias, a situação de higiene melhorou. Houve uma boa aceitação quanto ao uso, inclusive por parte das crianças. Houve ainda redução do número de vezes que integrantes da família foram acometidos de diarreia”, relata Mohema Rolim, Gerente de Programas da Habitat para a Humanidade Brasil e responsável pelo projeto.

Os banheiros secos foram criados pela empresa alemã 3P Technik e trazidos para o Brasil pela organização. O objetivo é utilizar este piloto para aumentar a eficiência e eficácia da solução e levá-la a mais famílias que sofrem com a falta de acesso à água e saneamento. “Acreditamos que esse tipo de tecnologia pode ser grande aliada na convivência com o semiárido e esperamos que essa experiência possa ser replicada em larga escala”, conclui Mohema.

Sobre a Habitat para a Humanidade Brasil – Habitat para a Humanidade Brasil começou a atuar no país em 1992, motivados pela visão de que toda pessoa merece um lugar digno para viver. Desde então, já desenvolveu projetos sociais em 11 estados e apoiou mais de 87 mil pessoas na construção ou melhoria de suas casas, assim como no acesso à água potável em regiões de seca. A organização atua em espaços democráticos para propor e incidir por políticas públicas de acesso à moradia. Além disso, promove capacitações para fortalecimento de mulheres, jovens, lideranças e comunidades e, através de ações de voluntariado e mobilização, busca envolver a sociedade na luta pelo direito à moradia adequada. Fazemos parte da rede global Habitat for Humanity, presente em mais de 70 países. Para saber mais, acesse: https://habitatbrasil.org.br.

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