As regiões do litoral pernambucano sofrem com intensas chuvas entre os meses de maio a agosto, consequentemente com inundações afetando profundamente as condições socioeconômicas locais, podendo custar vidas. Só em junho de 2019 o registro de precipitação (água que cai à superfície terrestre da atmosfera) acumulada foi de 398,4 mm no litoral de Pernambuco (1) e a população sofreu perdas irreparáveis.

A temperatura superficial do oceano Atlântico é responsável por regular a intensidade e o deslocamento de um fenômeno atmosférico que influencia nos eventos extremos de chuva no leste do Nordeste do Brasil, incluindo o litoral de Pernambuco. Esse fenômeno, chamado ondas de leste, consiste em ventos úmidos que sopram do oceano Atlântico tropical e permanecem confinados no litoral por não ter força suficiente para carregar a umidade para as regiões do interior.

As ondas de leste são instabilidades no campo de vento e pressão na região tropical, onde ocorre a influência dos ventos alísios, provenientes da costa da África até o litoral pernambucano. A intensificação das Ondas de Leste é modulada pela anomalia de temperatura da superfície oceânica em resposta ao fluxo de calor entre o oceano e a atmosfera. Assim, quanto mais quente for a água do mar, maior será a contribuição para a atuação dos fenômenos que agem no leste do Nordeste do Brasil.

O aquecimento médio dos oceanos atingiu o maior registro ano passado com terceiro recorde consecutivo. De acordo com estudo publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences, em 2019 o oceano estava 0,075 Celsius mais quente que a média histórica entre 1981-2010. Para facilitar a compreensão, “A quantidade de calor que colocamos nos oceanos nos últimos 25 anos é igual a 3,6 bilhões de explosões de bombas atômicas em Hiroshima.” disse Lijing Cheng, um dos autores do artigo no Instituto de Física Atmosférica (IAP) da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

Logo, essa problemática nos leva a refletir se os oceanos continuarem a aquecer, as chuvas em Pernambuco serão cada vez mais intensas? Qual o planejamento socioeconômico da região para enfrentar esse problema?

@isabellevilela1 @oceanmatters2020

Referências:

1. http://www.apac.pe.gov.br/arquivos_portal/boletins/Boletim%20climatico%20-%20junho%202019.pdf