Solidariedade ajuda a transformar a realidade de crianças no Sertão de Pernambuco

 Solidariedade ajuda a transformar a realidade de crianças no Sertão de Pernambuco

Lar Fraterno Vovó Cavendish fica em Sertânia, distante 300 quilômetros do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Uma instituição ajuda a mudar, por meio de solidariedade, a realidade dos moradores da área rural de Sertânia, no Sertão de Pernambuco, distante 300 quilômetros do Recife. Fundado em 2011, o Lar Fraterno Vovó Cavendish atende, diariamente, cerca de 80 crianças com trabalhos educacionais e culturais, aulas de reforço, atividades lúdicas e alimentação.

A entidade beneficente nasceu do desejo de dar oportunidade para que dezenas de crianças sertanejas tenham um futuro digno.

“Quando eu cheguei lá naquela comunidade, vi 30 famílias em casas de taipa [barro], onde não havia banheiro nem água. E havia uma carência muito grande”, comenta André Pinheiro, fundador do lar fraterno.

A instituição funciona na sede de uma antiga fábrica de fibras para tecidos que parou de funcionar há 50 anos.

Crianças estudam no Lar Fraterno Vovó Cavendish, em Sertânia, no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo
Crianças estudam no Lar Fraterno Vovó Cavendish, em Sertânia, no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo

Em Sertânia, o algodão já foi riqueza. Hoje, não tem há lavouras nem muitas oportunidades. Faltam estrutura e saneamento e sobra preocupação. É assim que vive a maioria dos moradores.

“É muito difícil arrumar emprego aqui. Quando aparece, meu marido vai trabalhar, quando não aparece, ele fica parado em casa. É muito difícil”, diz a dona de casa Maria Jacirene.

André Pinheiro é neto do dono da fábrica e decidiu transformar o patrimônio da família em uma casa para apoiar o desenvolvimento das crianças e mudar o futuro delas.

“São pessoas extremamente carentes. A maioria, analfabetas. Vi aquelas crianças sem um norte, sem um futuro e voltei para casa com essa imagem na cabeça: eu disse, meu Deus, o que eu posso fazer por essas crianças e por essas famílias? A partir disso, ele teve a ideia de fundar o projeto”, disse Pinheiro.

Meninas se alimentam em instituição que ajuda a transformar vidas no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo
Meninas se alimentam em instituição que ajuda a transformar vidas no Sertão de Pernambuco — Foto: Reprodução/TV Globo

O trabalho social não tem apoio de governos, mas sempre chegam novos parceiros. As crianças recebem na instituição as refeições do dia.

Coordenadora do projeto, Cileide Paulino sabe quanto o trabalho é importante. Filha de agricultores do algodão, ela foi criada em casa de taipa.

“Vivenciei essa realidade até os meus 7 anos de idade. Toda a dificuldade da falta de energia, que não tinha na época. Ver essas crianças ter toda essa oportunidade hoje é muito gratificante e prazeroso”, conta.

Segundo Cirleide, o projeto transformou o vida dela. “Isso aqui pra mim é minha vida. Transformou a minha vida, além de transformar a vida das crianças. Eu aprendo muito com elas e com todo esse trabalho”, disse.

As médicas saem de São Paulo para rodar pelas estradas do Sertão e oferecer cuidado às famílias. A médica Paulo Vargas foi quem chegou primeiro. Depois, trouxe outros colegas para conhecer trabalho.

“Eles recebem a gente com tanto amor que eu acho que a gente sai mais ganhando do que eles. É muito carinho e tanto amor que eu acho que isso transforma. Da outra vez, eu trouxe alguns estudantes. Dessa vez, eu trouxe também [alunos]”, disse.

Na zona rural de Sertânia, as casas são feitas de barro e faltam perspectivas — Foto: Repdução/TV Globo
Na zona rural de Sertânia, as casas são feitas de barro e faltam perspectivas — Foto: Repdução/TV Globo

A rede de voluntários também tem artistas. Eles iriam só fazer um show beneficente, mas foram ficando e levando outros voluntários.

A cantora Nena Queiroga doa o que tem de melhor para oferecer. “Fiquei para sempre. Hoje, não venho visitar a instituição da qual eu faço parte, eu venho visitar a minha família”, disse.

As mães das crianças também ajudam com trabalho. Elas organizam a doação dos alimentos, por exemplo. A colaboradora do projeto, Rafaelle Pereira, se emociona ao lembrar o quanto tudo melhorou para ela e para as duas filhas.

“Passei por muita dificuldade, eu sofri muito. Depois que conheci o lar, minha vida mudou por completo. Hoje, posso dizer que eu sou uma mulher muito feliz. Sou muito alegre por minhas filhas estarem aqui. Pra mim, o lar fraterno é a minha casa”, disse.

*Do G1

Redação

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