Você é mesmo feminista?
“Nossa, mas você é tão feminina e não odeia homens! Nem parece feminista”. Ouvi certa vez. Também já dormi com essa: “Veja se você fala com mais suavidade sobre esse tema. Mulher gosta de doçura e não desse tipo de discurso.”
Que mulher nunca foi ‘convidada’ a ser menos feminista quando levantou sua bandeira com clareza e objetividade?
Comportamentos e reações desse tipo reafirmam o quanto os estereótipos são capazes de colocar às margens mulheres e homens que defendem a igualdade de gêneros. Afinal, se boa parte do mundo diz que ser feminista é sinônimo de não curtir homem, odiar cosmético e não se depilar, em que lugar se encontra a mulher que defende o movimento, gosta de homens e adora o resultado de um dia no salão de beleza?
Em que lugar se encontra o homem que defende as mesmas chances, oportunidades e espaços para eles e elas, mas é sempre motivo de chacota entre a família e o grupo de amigos?
Feminismo não é sobre caixas e padrões. Feminismo é sobre ser livre para escolher o seu modelo de vida e viver suas preferências, buscando espaços confortáveis para todos, sem sofrer por isso e sem distinção de gênero.
Embora muitas jovens mulheres não se identifiquem como feministas por causa desses estereótipos, como bem indica o texto de análise da socióloga Christina Scharff, produzido especialmente para a BBC News, em 2019 (https://www.bbc.com/portuguese/geral-47283014), elas desejam uma régua social e política proporcional para homens e mulheres. O que isso quer dizer? Elas são feministas, ora! Mas não sabem disso ou fingem não saber, só dispensam a autodefinição.
Longe de julgamentos e pressupostos sobre as inúmeras vertentes do feminismo e atenta ao objetivo central da iniciativa social, deixo um convite à reflexão: como é possível contribuir com a queda dos estereótipos que detonam o movimento feminista e torná-lo um espaço de construção coletiva?!
Minha bio
Carol Maia é jornalista inquieta, estudiosa do comportamento feminino, empreendedora e escritora.
Mãe de Maria Vida, pernambucana, corredora amadora, que adora desbravar fronteiras, contar histórias e tomar rosé.