Mais de 60% dos queimados atendidos em hospital de referência são vítimas de acidentes com gás clandestino e álcool, diz médico

 Mais de 60% dos queimados atendidos em hospital de referência são vítimas de acidentes com gás clandestino e álcool, diz médico

Chefe do setor de queimados do Hospital da Restauração aponta que, dos 40 pacientes que estão internados, 25 deles são decorrentes desse tipo de acidente. Marcos Barreto atribui índice ao aumento do gás de cozinha.

Dos 40 pacientes que estão internados na Unidade de Queimados do Hospital da Restauração (HR), área central do Recife, nesta quarta-feira (13), 25 deles são decorrentes de acidentes com gás de cozinha clandestino, etanol ou álcool. Os dados foram repassados pelo médico Marcos Barreto, chefe da unidade, que ainda destacou que, em todos os casos, as substâncias estavam sendo utilizadas para cozinhar, substituindo o gás de cozinha comum.

Segundo o médico, essas ocorrências já registram 62% do total de queimados do Hospital da Restauração. “Está havendo uma inversão de número de pacientes que estão chegando aqui com queimaduras por causa desses materiais. Enquanto todas as outras causas tem reduzido. Por eletricidade, escaldadora, acidente de motocicleta, tentativa de homicídio e gasolina representam apenas 38%”, explana.

Para Barreto, a alta no preço do gás é o motivo da substituição feita por parte da população. Desde agosto, o valor do gás de cozinha subiu seis vezes consecutivas e fez com que muitas pessoas de baixa renda substituíssem o gás butano por uma “gambiarra”. Em consequência, Marcos Barreto destaca o crescimento no número de acidentes envolvendo adultos e crianças.

No fim do mês de novembro, uma explosão após vazamento de um botijão de gás de cozinha em Jaboatão dos Guararapes vitimou uma criança de um ano e nove meses e deixou outras quatro crianças e dois adultos com cerca de 30% do corpo queimado. O botijão de gás foi comprado em um revendedor irregular. Enquanto o avô das crianças tentava consertar o vazamento, houve o acidente. Além dos feridos, a porta da casa foi arrancada, a janela ficou quebrada e parte do teto da residência caiu.

Médico Marcos Barreto, chefe do setor de queimados do HR, alerta para aumento dos queimados vítimas de acidentes com gás clandestino e álcool (Foto: Pedro Alves)

Como proceder

Em casos de queimadura por gás ou álcool, o médico Marcos Barreto indica a transferência imediata para um hospital, preferencialmente uma unidade de referência em queimaduras, como o Hospital da Restauração.

“Tanto queimadura por gás, quanto por álcool, são extensas, profundas e muitas vezes com lesões inalatórias. Então, não pode perder tempo. A pessoa tem que ser transferida para um hospital onde tenha a condição ideal do atendimento”, destaca.

Colocar água corrente antes de ir ao hospital também pode evitar que a lesão se agrave. Não é recomendado colocar manteiga, clara de ovo, pasta de dente, ou nenhuma das invenções populares. Nem mesmo creme para queimadura deve ser utilizado sem a orientação de um médico.

No caso de explosões de gás, o médico recomenda ainda a realização de outros exames. “Se o gás explode e a pessoa é arremessada, pode bater com a cabeça, haver ruptura do fígado ou lesão torácica, por exemplo”, detalha.

Edição:Robson Ouro Preto

robsonouropreto

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