Moradores tentam retomar rotina após enchentes
Após quase uma semana de chuvas intensas, que afetaram 31 municípios de Pernambuco, famílias aproveitaram momento de ‘trégua’ de precipitações para tentar recuperar o que sobrou. Nesta sexta-feira (2), moradores de cidades da Zona da Mata Sul pernambucana penduraram roupas, colocaram colchões e móveis pra secar na calçada e começaram a retomar a rotina. No estado, houve cinco mortes: duas no Recife, duas em Lagoa dos Gatos e uma em Caruaru, no Agreste.
As cuvas e enchentes em Pernambuco chegaram a tirarar mais de 55 mil pessoas de casa. Em Barra de Guabiraba, no Agreste do estado, o abastecimento de água ainda depende de carros pipa. No município, quatro mil pessoas tiveram que sair das residências. Todas já deixaram os abrigos.
De volta às moradias, as famílias enfrentam o choque de realidade. Depois do medo e ansiedade para voltar, é hora de contar os prejuízos. Em algumas casas, só não foi destruído o que ficou praticamente no teto.
A empregada doméstica Maria Verônica dos Santos foi uma das afetadas pela inundação e contou com a ajuda dos sobrinhos para salvar os móveis, fogão e geladeira. Cinco dias depois da enchente, ela conseguiu acender o fogo e preparar comida para a família. “A gente trabalha duro para conseguir as coisas e, de repente, vê tudo se perdendo. Fica até difícil de falar, porque o que resta é tentar descobrir como vamos reconstruir tudo”, disse.
Nas ruas, é tempo de faxina. De lavar, recolher a lama. Mas aos poucos, a rotina vai voltando ao normal. Pra quem perdeu tudo, o jeito é contar com a solidariedade. Na cozinha de uma escola municipal, voluntários e funcionários públicos preparam a refeição para 2.500 pessoas.
A cozinheira Gilvânia Maria dos Santos, uma das voluntárias, diz que sai do local depois da meia noite, só depois de pôr o feijão de molho. Quando a quentinha é distribuída, já tem muita gente esperando. A comida chega três vezes por dia.
“Chegamos às 5h, todos os dias, e passamos o dia todo. Tem hora para chegar, mas não para sair. Está sendo muito suado, muito trabalhado, mas, graças a Deus, é muito gratificante”, diz Gilvânia.
Na casa de Fabiana Silva, e do marido, Joedson Claudino, que têm três filhos, o alimento doado é tudo o que eles têm pra comer. A necessidade ainda é maior do que a quantidade de donativos que chegam. “Temos comprado só bolacha para dar às crianças. Essas marmitas, que chegam de manhã, pegamos para alimentá-los”, diz Fabiana.
Fonte: G1